DO REPÓRTERMT
O Gabinete Estadual de Intervenção na Saúde de Cuiabá descartou, nesta segunda-feira (09.10), 6,7 milhões medicamentos e insumos vencidos no período anterior à intervenção, no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos (CDMIC). Em valores, o montante equivale a cerca de R$ 8 milhões.
Os produtos vencidos já haviam sido apontados em duas fiscalizações do Ministério Público e do Conselho Regional de Farmácia (CRF). Eles estavam estocados, de acordo com a Prefeitura de Cuiabá, sob justificativa de serem "objeto de apuração" realizada da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Cuiabá, a "CPI dos Medicamentos".
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De acordo com o Gabinete de Intervenção, os medicamentos e insumos tinham vencimento em 2019 (250.093 itens), 2020 (3.079.702 itens) e 2021 (1.535.997 itens). No montante, também há 1.841.277 de medicamentos e insumos que venceram em 2022, após a CPI dos Medicamentos, e que não estavam em apuração, o que mostra que os medicamentos continuaram vencendo em grande quantidade.
Relatórios do Conselho Regional de Farmácia sobre fiscalizações realizadas em dezembro de 2022 e em fevereiro de 2023, apontam que havia produtos com vencimento em 2020 e 2021 estocados não só no CDMIC, mas também no barracão que fica em frente ao prédio, separados dos itens que eram citados na CPI.
Conforme o relatório da fiscalização do CRF, feito em dezembro do ano passado, a pedido do Ministério Público do Estado (MP), os itens que estavam no CDMIC já tinham sido encontrados em inspeção anterior, realizada em abril de 2021, e desde então, não houve regularização da situação pela Prefeitura. “São tantos itens vencidos separados no estoque que estão utilizando áreas destinadas a medicamentos/insumos em conformidade (dentro da validade)”, informou o CRF no documento, ainda destacando que a situação precisava ser regularizada o quanto antes.
No relatório da inspeção realizada em fevereiro de 2023, para averiguar uma denúncia de que haveria medicamentos e insumos vencidos guardados de forma incorreta no barracão da Secretaria Municipal de Gestão, em frente ao CDMIC, o CRF apontou que foram encontrados mais produtos que perderam a validade em 2020 e 2021 e que não tinham sido apresentados na fiscalização de dezembro.
O Gabinete de Intervenção também encontrou documentos emitidos pela empresa contratada para retirar produtos da unidade, apontando que teriam sido executados, em fevereiro deste ano, quatro descartes de insumos e medicamentos que venceram em 2022 e 2023, totalizando 24 toneladas de produtos.
“A pedido do Ministério Público Estadual (MPE) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE) fizemos um minucioso inventário no estoque do CDMIC. Nos solicitaram que fizéssemos esse levantamento para assegurar a apuração de eventual dano ao erário. Esse inventário foi feito entre os meses de junho e setembro e para nossa surpresa, encontramos além dos que estavam separados para apuração da CPI, muitos itens vencidos depois desse período, o que está também demonstrado em documentos. É um absurdo o que foi feito ali com o dinheiro público”, comenta a interventora na Saúde de Cuiabá, Danielle Carmona.
De acordo com o Gabinete de Intervenção, uma empresa especializada fez o descarte do material. Para dar transparência ao ato, o Gabinete convidou mais de 15 instituições, entre municipais, estaduais e federais, para acompanhar a retirada dos itens do CDMIC.
Foram convidados para acompanhar o descarte o MP, TCE, CRF, Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Comissão de Saúde da ALMT, Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Câmara de Vereadores de Cuiabá, Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Contas (MPC), Polícia Federal, Denasus, Conselho Regional de Medicina, Conselho Regional de Enfermagem, Polícia Judiciária Civil, Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) e Controladoria Geral do Estado (CGE).
Wilma Comim 09/10/2023
Que absurdo! E os irresponsáveis por esse desperdício dos nossos suados impostos, serão punidos?
1 comentários