MP acusa juiz que inocentou bióloga de "agir por vingança" contra pai de uma das vítimas

Assessoria

Juiz Wladymir Perri atua na 12ª Vara Criminal da Capital.

APARECIDO CARMO
DO REPÓRTER MT

O Ministério Público Estadual (MPMT) pediu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) a suspeição do juiz Wladymir Perri, no caso da bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, que atropelou e matou dois jovens em frente a Valley Pub, em 2018. Segundo o embargo de declaração, assinado pela promotora de justiça Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, o magistrado utiliza da sua função "para se vingar de Mauro Viveiros, pai de uma das vítimas e procurador de justiça aposentado".

Narra a solicitação do MPMT que, em 2013, quando Wladymir Perri era o responsável pelo Tribunal do Júri de Rondonópolis, Viveiros era o Corregedor-Geral do Ministério Público de Mato Grosso e foi o responsável por instaurar uma sindicância para investigar comportamento supostamente “indiferente aos deveres do cargo, atuando como se a criar pretextos para soltar réus ao argumento de ‘ineficiência da Justiça’, quando os serviços judiciários estavam sob sua própria responsabilidade”.

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Além disso, em 2015, o mesmo juiz foi alvo de ação do MP por ter nomeado 25 advogados, com honorários fixados em R$ 15 mil, em substituição à Defensoria Pública. Segundo o documento, o “então Procurador de Justiça [Mauro Viveiros], com atribuições junto ao órgão colegiado, opinou pela concessão parcial da ordem a fim de cessar os ônus financeiros ao erário, dada a desproporcionalidade do valor dos honorários arbitrados”.

Outro fato, ocorrido no Shopping Pantanal, em Cuiabá, demonstraria, de acordo com a promotora, a "animosidade" existente entre o juiz e o pai de uma das vítimas, que atua no processo como assistente de acusação.

“Certa feita, no Shopping Center Pantanal na capital, quando o excepto o abordou de modo ríspido, anunciando-se como o Juiz Wladymir Perri, que ‘estava em Rondonópolis, mas que agora está aqui’, como se o interpelasse, em tom desafiador; na ocasião, percebendo seu estado alterado, o excipiente limitou-se cumprimentá-lo e se afastou, evitando o confronto”, diz trecho do documento.

"A atitude do magistrado demonstra sua índole agressiva e vingativa", avança a procuradora Marcelle Rodrigues da Costa e Faria. "Agora, o juiz encontrou o momento perfeito para um acerto de contas, dando vazão ao seu abjeto sentimento de vingança.”

Absolvição sumária

No dia 16 de dezembro, o juiz Wladymir Perri absolveu sumariamente a bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, denunciada por atropelar e matar dois jovens em frente à boate Valley Pub, em 23 de dezembro de 2018, em Cuiabá.

De acordo com Wladymir, os laudos periciais destacaram que Myllena, Ramon e Hya, as três vítimas, assumiram o risco de morte ao usar a via pública, “violando completamente o princípio da confiança que deve ser observado entre os seus usuários”.

Para o juiz, a bióloga errou ao ingerir bebida alcoólica e dirigir, mas não foi o fator "determinante" para o acidente, mas "a imprudência das vítimas por atravessarem fora da faixa e durante tráfego intenso".

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