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Cuiabá, 30 de Outubro de 2024
30 de Outubro de 2024

03 de Abril de 2015, 08h:00 - A | A

OPINIÃO /

Longa estrada da vida

No último dia 23 Carmem e eu completamos 47 anos juntos. Mais 4 de namoro.

ONOFRE RIBEIRO



Mais uma vez peço permissão ao leitor pra registrar um fato pessoal. Depois de escrever artigos por 25 anos, acompanhei pais que hoje são avós, jovens que já são pais e crianças que nasceram ao longo desse período e muitos lêem o que escrevo. Penso até numa certa intimidade. Sempre dividi minhas datas neste espaço. Esta é mais uma, com a permissão dos leitores.

No último dia 23 Carmem e eu completamos 47 anos juntos. Mais 4 de namoro. Imaginei esse tempo como uma viagem na longa estrada da vida. Foi em 1968, ela com 20 e eu com 24 anos. Jovens, saudáveis e dispostos a mudar o mundo. Estrada larga. Apressados nem víamos obstáculos. Nasceu André. A velocidade diminuiu um pouco. Berço, fraldas, mamadeiras na bagagem. Em 1970, veio Fábio. Mais berço, mais fraldas e mais mamadeira. Já entrávamos nas curvas menos apressados. Em 1975 veio Marcelo. O berço do André servia de novo, mas tinha as camas dele e do Fábio na bagagem. Menos velocidade, mais cuidado nas ultrapassagens. Em 1982 veio Tiago. Muita bagagem. Faltava espaço no carro. Aliás, era uma pick-up D-20 cabine dupla, que ficou pequena.

Nessa altura a velocidade era a de cruzeiro. 80 km por hora. Muita bagagem. De repente, olha eles adolescentes, namorando, vivendo a fase. A viagem virou um pára-pára infinito. De repente, André casa com Maria do Carmo, logo Fábio com Aline, Marcelo com Daniela e Tiago com Mariana. Vem a terceira geração: Miguel, Gabriel, Luka, Enzo, Pietro e a quarta: Mateus e Vitória. Marcelo desce durante a viagem e vai pra outra viagem, deixando um lugar vazio.

Já não pensamos mais na velocidade. Pensamos na estabilidade. A viagem já não importa tanto. Parece que ela serviu pra chegar até aqui. Debaixo de uma mangueira ou de um cajueiro frondoso olhamos pra paisagem e vemos descendentes correndo as suas próprias viagens. Sentimentos contraditórios. Alegria, contentamento. Uma certa nostalgia. Reflexões aos montes. Avaliações sem fim. Meu pai dizia: “ocupe os espaços do seu tempo pra depois não se arrepender”. Mais reflexões.

Ainda tem viagem pela frente. Um tanto. Menos tempo físico, mais rico. Nesse trecho quem melhor nos ensina e conforta são Almir Sater e Renato Teixeira: “ando devagar porque já tive pressa. Levo este sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe. Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei...”.

 

Em compensação Carmem e eu aprendemos a entrar e sair das curvas. No futuro não esperamos curvas tão perigosas como as que já percorremos...  Tocando em frente, “Um dia a gente chega e no outro vai embora...”

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Tarcisio Pereira de Araujo 03/04/2022

Além desse artigo que ora li, tive oportunidade de ler também outros do mesmo quilate. deste e gostei muito do conteúdo literário de tudo que vi. Aproveito para deixar o meu abraço e dizer que cheguei a conhecê-lo quando morava em Brasilia. Já mandei alguns e-mails para vc tentando contato e até agora não obtive êxito Em tempo: A sua vida parece um repeteco da minha,.

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Boleslau Antonio de Abreu e Dorada 03/04/2015

Prezado Sr. Onofre, Boa Noite! Parabéns pelo belo texto sobre a "longa estrada" percorrida até hoje (e sempre), com a fiel escudeira D. Carmem; Da minha parte a gratidão pelo compartilhamento de memórias tão saborosas que, certamente, farão parte de uma completa autobiografia. Grande Abraço, Boleslau Dorada

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2 comentários