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Cuiabá, 02 de Janeiro de 2025
02 de Janeiro de 2025

09 de Maio de 2013, 14h:35 - A | A

OPINIÃO / GABRIEL NOVIS NEVES

Turismo

Ainda há tempo de maquiar nossa vergonhosa situação de bem receber

GABRIEL NOVIS NEVES



 

Precisa ter muita coragem para participar de um evento internacional para promover o nosso turismo.
 
É a tal da idolatria da propaganda enganosa, tão em moda nos nossos dias.
 
A Internet hoje em dia é uma fonte inesgotável de informações sobre os mais diversos roteiros de viagem. Poucos são os que se aventuram a conhecer um lugar sem antes pesquisar sobre a região.
 
Nosso Estado é de uma beleza deslumbrante nos seus riquíssimos ecossistemas. Temos o Pantanal, a Amazônia e o Cerrado.
 
Para transformar esses presentes da natureza em polos turísticos há necessidade de fortes investimentos financeiros e humanos.
 
A nossa Chapada, conhecida e admirada no mundo todo, é um exemplo de como não atrair turistas.
 
A estrada que liga Cuiabá à cidade de clima andino tem uma pavimentação que aterroriza os turistas pela sua péssima qualidade e risco de acidentes.
 
A cidade não possui hotéis, pousadas, pensões, restaurantes e bares para satisfazer aos que chegam atraídos pela natureza, e que gostariam de um pouco de conforto.
 
A infraestrutura com os serviços essenciais é muito precária.
 
Outra atração nossa é o Pantanal. O acesso a essa região também é complicado. A rodovia não é asfaltada e a sua manutenção deixa muito a desejar. A rede hoteleira é insuficiente e de baixa qualidade, assim como os restaurantes e similares.
 
Na maior planície inundada do planeta existem mais de cem pontes para nos ligar aos mais diversos locais de encantamento.
 
Acontece que todas essas pontes são de madeiras e em péssimos estados de conservação, causando pavor aos que trafegam por elas. Nunca se pensou em substituí-las por pontes de concreto. Agora, às vésperas da Copa do Mundo, o governo informa que está estudando um projeto para fazer esta substituição.
 
Alguns empresários da área hoteleira até que procuraram manter hotéis de alta qualidade. Mas, tiveram que fechá-los por falta de hóspedes.
 
O Rio de Janeiro, na época do seu descobrimento, era uma terra com morros, lagoas, baías e uma beleza bruta logo percebida pelos seus governantes.
 
Com decisão política e recursos financeiros, os morros, com a ajuda da tecnologia humana, foram transformados em cartões postais marcos de uma civilização.
 
Assim surgiram: o Corcovado, o Morro da Urca, o Pão de Açúcar, a Baía da Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Aterro do Flamengo e o embelezamento da orla marítima.
 
Todo o litoral brasileiro, embora com timidez, explora o turismo, pois é uma atividade econômica altamente lucrativa.
 
Público existe para esse mercado, mas há necessidade da contrapartida, e o Estado sempre foge de compromissos mais sólidos nessa área.
 
Nenhum evento internacional, do porte de uma Copa do Mundo, despertou interesse dos nossos empresários, receosos de um fiasco, o que lhes seria fatal.
 
Mesmo com uma linha de créditos para as cidades-sede dos jogos da Copa, poucos se arriscaram a captar esses recursos destinados ao turismo.
 
Uma cidade que possui um aeroporto na situação calamitosa do nosso, não pode impressionar o turista, pois a primeira impressão é a que fica – e a que motiva.
 
Essa é a triste realidade do nosso Estado com relação ao turismo.
 
Ainda há tempo para uma rápida maquiagem na nossa vergonhosa situação de bem receber.
 
GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

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