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Cuiabá, 08 de Outubro de 2024
08 de Outubro de 2024

08 de Outubro de 2024, 18h:30 - A | A

PODERES / MODELO DOS ANOS 90

Analista: Redes sociais mudaram a sociedade e os institutos de pesquisa não conseguem mais captar a intenção do eleitor

João Edisom avalia que os eleitores votam conforme as bolhas digitais, que não são percebidas pelas pesquisas eleitorais tradicionais.

APARECIDO CARMO
DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT



O primeiro turno das eleições municipais de 2024 vai ficar marcado pela incapacidade das pesquisas eleitorais de compreenderem o sentimento do eleitor. O analista político João Edisom explicou ao RepórterMT que não foram apenas as pesquisas divulgadas para a imprensa que erraram. As pesquisas internas, que servem para os candidatos embasarem as suas ações de campanha, também falharam.

Conforme o analista político, o modelo de pesquisas que os institutos usam hoje foi criado nos anos 1990, porque os métodos anteriores já haviam deixado de encontrar alinhamento com a realidade do eleitor. Na visão dele, agora uma nova atualização se faz necessária.

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“O que está acontecendo em relação às pesquisas não é só as pesquisas, ela é reflexo da mudança de comportamento que está tendo a sociedade. Tem a ver um pouco com a questão da pandemia, também que as pessoas mudaram o comportamento, tem a ver com as pessoas que estão morando menos pessoas nas casas e tem a ver com as relações que essas pessoas têm”, explica.

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O único instituto que acertou o resultado do primeiro turno foi o Atlas Intel, que aplicou os questionários pelo Instagram. No dia 2 de outubro, o instituto apontava Abilio com 32,3%; Lúdio com 24,3% e Botelho com 17,9%, enquanto todos as pesquisas tradicionais, feitas presencialmente ou por telefone, apontavam Botelho na liderança. Na véspera da eleição, o mesmo instituto apontou Abilio com 38,6%; Lúdio com 30,4% e Botelho com 19,6%.

Quando a contagem de votos foi encerrada, Abilio tinha 39,61% dos votos; Lúdio conquistou 28,31%; e Botelho terminou com 27,77%.

João Edison exemplifica. Conforme o modelo atual, numa pesquisa que se propõe a ouvir 800 pessoas na Capital, obrigatoriamente vai ter que selecionar 200 pessoas para serem ouvidas no grande CPA, que sozinho representa um quarto do eleitorado cuiabano.

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Há 20 anos, um entrevistado refletia a opinião de todo o seu núcleo familiar mais próximo, ajudando a construir uma compreensão da tendência de preferência daquela região. O que esse primeiro turno demonstrou é que essa ideia não faz mais sentido.

“Agora as pessoas estão mais solitárias, não estão se relacionando tanto com os vizinhos, estão relacionando com suas bolhas de interesse das redes sociais ou até dos grupos de trabalho, grupos de amigos, não é mais uma relação proximal física. Então eu coleto a informação desse questionário, mas essa pessoa não representa mais o CPA, ela representa a bolha da rede social dela”, afirmou.

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“A gente vai ter que encontrar um outro modelo de questionário, os questionários que a gente faz é dos anos 90. O mapa amostral que a gente faz não está sendo eficiente. A gente faz com base no IBGE, tem que continuar com base no IBGE, mas a gente tem que verificar se tem que aumentar essa amostragem, se tem que mudar alguma coisa na fórmula”, explica.

Para João Edisom, esse modelo tradicional de pesquisas fez sentido até a eleição de 2018. De lá para cá, os institutos têm tido maior dificuldade de captar as mudanças nos interesses dos eleitores.

“Nos últimos anos a gente percebeu que a mudança do comportamento social já não está respondendo mais adequadamente com aquilo que a gente tem em termos de metodologia. Ou se muda o mapa amostral, ou talvez junto com o mapa amostral também a forma de fazer as perguntas que são os questionários”, propôs.

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