Juiz explica porque mandou assassino de advogada voltar à cadeia de Chapada; “Para não dar banho de sangue”

RepórterMT

A decisão de Geraldo Fidélis foi divulgada nessa segunda-feira, 28

EUZIANY TEODORO
DO REPÓRTERMT

Em entrevista exclusiva ao RepórterMT, o juiz Geraldo Fidélis, da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, explicou porque mandou o ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis, que assassinou a advogada Cristiane Tirloni, em um caso que chocou o Estado, voltar para a cadeia pública de Chapada dos Guimarães, destinada para ex-agentes da segurança pública.

A questão vem à tona diante da longa ficha criminal de Almir, além dos requintes de crueldade que usou para matar Cristiane, no dia 13 de agosto, na casa dele.

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Além de feminicida, Almir é um ladrão que só não foi condenado por ter alegado esquizofrenia. Ele foi processado e expulso da Polícia Militar após assaltar vários postos de combustíveis e residências na Baixada Cuiabana, em 2013. Além disso, também é réu por furtos cometidos na Secretaria Estadual de Meio Ambiente, em 2019.

Ao RepórterMT, o juiz explicou que a cadeia de Chapada não se trata de "presídio militar" e sim de “presídio comum”. No entanto, segundo ele, é para esta unidade que o Estado envia ex-agentes de segurança pública, para que não haja "banho de sangue" em outras unidades, como a Penitenciária Central do Estado (PCE), onde Almir estava até esta segunda-feira (28).

"Eu gostaria de deixar bem claro que ele não foi transferido para prisão militar, de maneira alguma. Ele foi transferido para uma prisão comum, cuja classificação se dá para as pessoas que tiveram uma função na segurança pública, para não misturar, para não dar 'banho de sangue', mas não é prisão militar, que é administrada pela Polícia Militar, não é isso, nem tampouco quartel. Lá é uma cadeia comum, administrada pela Secretaria de Administração Penitenciária", explicou Fidélis.

Na decisão judicial, o magistrado explica que a transferência é necessária por ser a única forma de o Governo do Estado manter a “integridade física e psicológica” do preso.

“Não há nenhuma falta de isonomia. Ao contrário. Há total isonomia. Mas apenas se busca resguardar a integridade física e psicológica da pessoa que um dia vestiu a farda e que, se entrar em uma prisão comum, é morto, como já aconteceu no passado aqui em Mato Grosso”, explica.

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O assassinato

Segundo a Polícia Civil, Almir matou Cristiane durante a madrugada do dia 13, entre meia noite e 2h. Em seguida, ele limpou o sangue da vítima por toda a casa, com creolina e sabão em pó, numa tentativa de dificultar as investigações. Neste tempo, ele deixou o corpo de Cristiane no banco do passageiro do carro dela, um Jeep Renegade verde.

Por volta das 8h30, Almir colocou óculos escuros na mulher e a levou até o Parque das Águas, onde abandonou o corpo. Ele então pediu um carro de aplicativo e voltou para casa.

Ele passou o dia com a namorada e acabou preso à noite, pela Polícia Civil, após rastrearem as antigas localizações de Cristiane pelo celular da mulher.

O inquérito foi concluído na quarta-feira, 23 de agosto, e enviado ao Ministério Público de Mato Grosso, a quem cabe a responsabilidade de oferecer a denúncia criminal ao Judiciário.

Almir foi indiciado pela Polícia Civil por feminicídio quadruplamente qualificado, pelos crimes de estupro, que ocorreu antes da morte da vítima, e por fraude processual, em razão de ter limpado a cena do crime.