DA REDAÇÃO
O valor bloqueado em contas correntes de pessoas envolvidas na facção Comando Vermelho, investigada pela Polícia Judiciária Civil na operação Red Money, é de R$ 550 mil. O dinheiro foi encontrado em 80 contas bancárias usadas para movimentar o dinheiro ilícito adquirido com a prática de crimes diversos, pagamentos de mensalidades de faccionados, de traficantes e cobrança de taxas de segurança em comércios.
O dinheiro ficará em uma conta judicial, para, posteriormente, ser revertido ao Estado, assim como outros bens (fazenda, veículos, casas e terreno) sequestrados durante a operação. Nesta semana, a Polícia Civil sequestrou mais um caminhão que foi descoberto após os trabalhos da operação. Na somatória já são 59 veículos apreendidos, que estão avaliados em cerca de R$ 1,8 milhão.
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A operação, realizada no dia 8 de agosto, contra membros do alto escalão da organização, presos na Penitenciária Central do Estado (PCE), e seus colaboradores, cumpriu 84 mandados de prisão e prendeu 17 pessoas em flagrante, totalizando 101 presos na ação policial que teve 94 mandados de prisão, 58 buscas e apreensão e 80 ordens de bloqueio de contas correntes, além de sequestro de veículos, joias, valores e imóveis urbanos e rurais.
Os trabalhos pós-operação seguem com a oitiva dos presos, análise da documentação apreendida e sequestro de outros bens descobertos após a ação policial.
Segundo a coordenação da operação, 60 envolvidos já foram interrogados para esclarecer vínculos com a facção criminosa, que constituiu a empresa denominada J.J Informática, para promover a lavagem de dinheiro e movimentar os valores arrecadados com crimes.
Segundo os delegados da operação, algumas pessoas ouvidas estão apontando quem davam as ordens para fazer a movimentação. Mas os líderes e suas mulheres, já interrogados, permaneceram calados.
Constituída em fevereiro de 2017, a empresa pertence a Jonas Souza Gonçalves Junior, conhecido por Batman, e sua esposa Jeniffer Lemes (presa na operação). Ele é condenado por assalto a agências bancárias, sendo um dos principais líderes da facção criminosa e um dos responsáveis pelo departamento financeiro da organização.
Em análise financeira, a Polícia Civil descobriu que a J.J Informática, em apenas 04 meses, movimentou cerca de R$ 800 mil. Porém, nenhuma das movimentações e pessoas identificadas tinha ligação com o objeto social da empresa, ao contrário das pessoas que realizaram transações com o estabelecimento. Pelo menos 180 possuíam antecedentes criminais ou algum vínculo pessoal com criminosos e condenados pela Justiça, grande parte deles presos na Penitenciária Central do Estado.
Durante o ano de 2017 foram descobertos dezenas de envolvidos no esquema financeiro. Ao lado da J.J Informática, outras contas bancárias foram identificadas e definido um “núcleo de liderança”, no que se refere à movimentação financeira da facção criminosa. No período de 1 ano e 6 meses, houve circulação de montantes entre R$ 5 milhões a R$ 800 mil, dependendo do CPF.
A partir disso, a Polícia Civil chegou ao líder da facção, com papel de comando na parte financeira. Trata-se de Francisco Soares Lacerda (Brasília), que utilizou-se, principalmente, da esposa, Bruna Cristina Borges dos Santos, para movimentação ilícita e aquisição patrimonial.
Conforme a investigação, Bruna Cristina (presa na operação), no período de 1 ano e 6 meses movimentou mais de R$ 5 milhões. Mesmo preso, Francisco Soares Lacerda articulou por telefone a compra de um veículo Toyota Corolla, zero km, para sua mulher, demonstrando o enriquecimento e o luxo vivido pelas mulheres dos líderes da facção.
O criminoso, apelidado como ‘Brasília’, é tido como o principal responsável pelo financeiro da facção.