JOÃO AGUIAR
FERNANDA ESCOUTO
Doriana Matiello, mãe da pequena Yara Salvador Matiello, 9 anos, afirmou que não viu o irmão, José Marcos da Silva Lima, 29 anos, após ele ter matado a filha dela. Na delegacia, não permitiram o contato. Em entrevista ao RepórterMT, a mulher afirmou que, se tivesse se encontrado com o irmão, “ele não estaria mais aqui”.
Yara foi estuprada e morta pelo tio no sítio onde ele trabalhava e morava. O homem ainda enterrou o corpo da criança em uma cova rasa. O caso, que chocou Mato Grosso, aconteceu na madrugada da última quarta-feira (20), em Terra Nova do Norte (675 km de Cuiabá).
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Doriana contou que, quando percebeu que Yara não estava em casa pela manhã, desconfiou imediatamente do próprio irmão. “Quando eu percebi que ela não estava dentro de casa, às 7h da manhã, eu já pensei na minha cabeça: ‘foi ele’. Sabe por quê? Porque a minha filha não abriria a porta para ninguém estranho. Ela amava o tio dela”.
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José Marcos foi preso ainda na quarta-feira. Doriana, no entanto, mesmo estando na delegacia no momento da prisão, não conseguiu ver o irmão. “Eu queria ter visto. No dia do acontecido eu pedi para ver ele e conversar o porquê dele ter feito isso. Os policiais daqui todo o tempo foram frios comigo, não deixaram”, explica.
“Espero que a justiça seja feita, que ele pague. Porque se eu pudesse ter pego ele, eu mesma, nessas horas ele também não estava aqui. Ele não estava não”, desabafa.
Doriana disse ainda que nunca imaginou que o irmão ou alguém da família dela fosse fazer algo desse tipo com Yara. Agora, o sentimento que era amor, virou medo. “Se ele fez isso com ela, imagina se ele sair, o que que ele não é capaz de vir e fazer com a gente? Ainda mais que ele é lutador de capoeira, ele tem muita força”, salienta.
Assassino morava com a família
Como já publicado pelo RepórterMT anteriormente, Doriana, um outro irmão, José Marcos e a esposa, moravam todos juntos na mesma propriedade. No entanto, após José se separar da mulher, ela pediu que o homem procurase um lugar diferente para morar.
“Tem uns 15 dias que a esposa dele foi embora e, no dia em que ela foi embora, eu falei pra ele: ‘agora você também vai ter que ir, achar uma chácara para você trabalhar lá, e ficar de boa’. Tanto que ele já tinha achado essa chácara”, conta.
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“Ela [esposa] foi embora num dia e ele [José] se mudou para a chácara”, continua Doriana. “Então tem uns 15, 20 dias que ele foi embora e não estava mais na minha casa. E quando ele estava na minha casa, ele estava acompanhado da esposa dele”, completa.
A mãe relatou ao RepórterMT que o contato de Yara com o tio era normal e descartou que ele tenha feito algo com a menina antes. “Ela teria contato, com certeza. Mas desde pequena eu ensinei a ela. Eu sempre falei: ‘minha filha, nessas partes íntimas suas, na boca, homem nenhum pode beijar, nem seu irmão, nem seu tio, nem homem estranho, é estupro, eles te matam’. Eu sempre alertei isso para ela”, salienta.
O crime
De acordo com a Polícia Civil, os investigadores receberam a informação do desaparecimento da criança durante a manhã dessa quarta, quando a mãe procurou a delegacia da cidade. A mulher logo indicou José Marcos como principal suspeito do crime, devido ao contexto de uma mensagem que a menina mandou para a mãe.
Ainda na manhã, José Marcos foi até a delegacia e disse que não estava com a sobrinha, nem sabia onde ela poderia estar. Contou também que não esteve em Terra Nova do Norte. Porém, em conversa com o delegado ele confessou o crime.
Ele está preso preventivamente e à disposição da Justiça.