ANDRÉIA FONTES
DA REDAÇÃO
O adolescente G.A.S.C.C, de 16 anos, namorado de B.O.C. que disparou a arma que matou Isabele Guimarães Ramos, admitiu, no segundo depoimento, prestado na última sexta-feira (21), que teve medo de ser responsabilizado pela morte, além do receio de ter a carreira de atirador prejudicada. G. faz tiro esportivo e tem autorização judicial para a prática desde 2017.
A preocupação é demonstrada, segundo ele, na segunda sequência de mensagens apagada enviada ao irmão, que não foi restaurada pela perícia. “Que o declarante também tinha receio que repassassem a responsabilidade dos fatos sobre os seus ombros, mesmo não estando mais no local dos fatos no momento do ocorrido”.
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O adolescente procurou a Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) espontaneamente na última semana, acompanhado de seu pai, Glauco Fernando Mesquita Corrêa, e do advogado da família, Valber Melo.
A arma que matou Isabele foi levada pelo adolescente G. à casa da família Cestari, na tarde de domingo, dia 12 de julho.
No primeiro depoimento ele relatou todos os fatos que antecederam a morte de Isabele. Pelas câmeras de segurança do condmínio, dois minutos após G. ir embora, na noite de domingo, Isabele morreu com um tiro que atingiu o nariz e saiu pela nuca. O adolescente disse que cerca de 20 minutos após sair da casa recebeu uma ligação do irmão de sua namorada falando do acidente, mas que no primeiro momento ele sequer acreditou, achando que era uma brincadeira.
Antes da morte
G. relata que começou a namorar a filha de Marcelo Cestari em outubro de 2019. Que no sábado à tarde, dia 11 de julho, um dia antes de Isabele ser morta, foi treinar com seu pai e ligou para Marcelo convidando-o. Que Marcelo foi com uma pessoa que ele não conhece. Naquele dia. G. diz que se queixou para Marcelo que o gatilho da sua arma estava duro e o sogro falou que era só dar uma polida no “sear” que melhoria e se prontificou a fazer isso no domingo à tarde.
O adolescente descreveu que no final do treino ele guardou todo o seu material em sua mochila e a arma na case. Que não viu que o pai havia guardado a arma dele na mesma case, pois já estava no carro.
No domingo, por volta das 11h, relata que almoçou com sua família e falou para o pai para ir à casa da família Cestari à tarde. O pai disse que ia descansar e “depois viam isso”.
Ele conta que pegou a case dentro da mochila de tiro e colocou na sua mochila pessoal e resolveu ir para a casa da namorada de Uber. “...que estava ansioso para ver a namorada e seu pai estava demorando para acordar, que já eram 14h30 e B. estava esperando”.
Ao chegar à casa da namorada, diz que colocou a mochila em cima da “poltrona branca”, que beijou a namorada, sentou e conversaram bastante. Disse que todos estavam vendo fotos.
O adolescente diz que foi até a mochila, abriu a case e só neste momento percebeu que também estava com a arma do pai. Que a primeira coisa a fazer foi vistoriar as armas para ver se estavam municiadas. G. afirma que primeiro olhou a pistola do pai, que foi a arma que matou Isabele. Ele relata que viu que havia munição no carregador e o guardou na mochila. “Que golpeou a arma para ver se havia munição na câmara, que conseguiu verificar, mediante inspeção visual, que não havia munição na câmara. Que apontou a arma para um local seguro e deu um disparo a seco, confirmando que não havia munição na câmara”.
Depois, afirma que fez o mesmo procedimento de tiro a seco com sua arma, que já estava sem o carregador, pois tinha ficado na outra mochila.
“Que pegou a arma do pai, descarregada e sem o pente, e mostrou para todos, contando que já ganhou dois campeonatos com ela”.
Afirma que contou por curiosidade, que não estava oferecendo a arma para venda. Disse que em seguida Marcelo aliviou o gatilho da sua arma e as duas ficaram em cima da mesa.
Neste momento ele teria ido assistir um filme com a namorada e Isabele estava com a irmã de B. mas não sabe onde.
Quando o filme acabou, se encontraram na parte de fora da casa, próximo à churrasqueira. Que o namorado da irmã de B., que também mora no Alphaville, já havia chegado ao local. Que ficaram por muito tempo na churrasqueira e, por volta das 19h, todos foram fazer o jantar. Que jantaram todos juntos por volta das 20h.
O adolescente conta que o pai ligou às 20h30 falando que estava tarde e que o irmão iria buscá-lo. Somente neste momento ele contou para o pai que tinha levado a pistola também e o empresário orientou o filho que pedisse para Marcelo Cestari guardar as armas que pela manhã ele buscaria, já que nem ele e nem o irmão possuem autorização para transportar armas de fogo.
Por volta das 21h50 o irmão chegou. “Que colocou as armas na case. Primeiro a dele e para não riscar, colocou uma luva. Depois pegou a pistola, colocou o carregador. Que como o cão já estava batido, sendo arma de ação simples, não seria possível ter munição na câmara, motivo pelo qual não fez nova vistoria. Que deixou o case fechado, com as duas armas dentro, em cima do braço da poltrona. Que avisou Marcelo onde as armas estavam, para que ele guardasse, que Marcelo disse ok. Que foi embora por volta das 22h, levando a mochila”.
No segundo depoimento, foi questionado se B. tinha visto ele colocar o carregador na pistola, e ele disse que não.
Por volta das 22h20 doa dia 12 de julho, relata que recebeu a ligação do irmão de sua namorada . Ele contou que houve um acidente com a arma, “informando que estava saindo muito sangue”. Mas G. diz que não acreditou e desligou. “Que após ligações insistentes, pediu para mandar uma foto, o que não ocorreu. Que achou que era brincadeira”.
Quando chegou em casa e foi entrar no elevador, diz que encontrou seus pais desesperados. Que foi com os pais até a casa de Marcelo e ficaram do lado de fora, pois a residência já estava isolada.
“Que falou um pouco com B., mas que ela não deu detalhes, que ela estava em estado de choque. Que apenas dizia que a Bel havia ido”.
O adolescente afirmou que a namorada e Isabele eram as melhores amigas, que nunca presenciou uma briga entre elas e desconhece qualquer motivo para ciúmes.
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