THIAGO STOFEL
REPÓRTERMT
A viúva do advogado assassinado Roberto Zampieri, Adriana Ribeiro Garcia Bernandes, rebateu o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que pediu a retirada do advogado dela da posição de assistência de acusação no processo. O MP alega um conflito de interesses entre as partes no que se refere ao acesso às informações extraídas do aparelho celular da vítima. Zampieri foi assassinado a tiros em dezembro do ano passado, ao sair do escritório de advocacia localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.
Na petição, Adriana explica que o pedido de restituição dos itens pessoais da vítima, que foram novamente encaminhados para análise de perícia, se deram por razões estritamente pessoais, para que todo material extraído seja limitado a somente para a apuração do crime, e que a privacidade da família seja respeitada.
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“Como é de conhecimento desse Juízo, a assistente de acusação postulou a i) restituição de itens pessoais da vítima, por razões devidamente especificadas nos autos do incidente processual; e ii) que as informações extraídas do aparelho celular da vítima, por razões também declinadas nos autos incidentais, se limitem àquelas necessárias à apuração do delito de homicídio”, diz o trecho.
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Além disso, ela reforça que em nenhum momento a assistência de acusação atentou contra as provas produzidas ou duvidou da integridade das extrações de dados, e nem mesmo se opôs às linhas de acusação ou investigação realizadas. Ela pontua que o único conflito de interesse da parte com o Ministério Público foi com o excesso.
Por fim, ela reiterou o desejo da família de ver o mais breve possível os responsáveis pelo assassinato de Roberto julgados e condenados.
“Primeiramente a referida petição causa surpresa porque essa assistente de acusação, assim como os demais atores processuais, certamente almeja a apresentação de alegações finais para que os autos possam ser conclusos para a prolação de sentença, com a maior brevidade possível. Inclusive, diante da circunstância de haver réus presos e da urgência que o feito requer, desde já se postula que o pleito do Ministério Público seja postergado para apreciação por ocasião da prolação de sentença, para que não se tenha qualquer prejuízo ao bom andamento do processo com discussões acessórias”, conclui.
Suposta motivação
Em 9 de julho, o delegado Nilson Farias, da DHPP, disse à imprensa que a morte de Roberto Zampieri foi encomendada por causa de uma disputa judicial sobre a posse de uma propriedade rural, na cidade de Paranatinga, estimada em R$ 100 milhões. O fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo foi indiciado como mandante do crime.
Conforme o delegado, o irmão de Aníbal perdeu parte das terras em disputa, o que despertou nele o medo de também ser derrotado na Justiça. Aníbal acreditava que por ter proximidade com um desembargador do Tribunal de Justiça, Zampieri teria facilidade para vencer o processo. Por essa razão, ele encomendou o crime.
Afastamento
Meses depois, os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados de suas funções do TJMT, depois que o Corregedor Nacional de Justiça, o ministro Luis Felipe Salomão, afirmou que a morte do advogado poderia estar relacionada com “decisões judiciais proferidas por magistrados do Tribunal de Justiça”.
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O ministro Luis Felipe Salomão, contudo, apontou que serão usadas apenas as informações “de eventuais vínculos supostamente indevidos entre o advogado e membros ou servidores do Poder Judiciário – o que está absolutamente adstrito às competências constitucionais da Corregedoria Nacional de Justiça”.