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Cuiabá, 12 de Dezembro de 2024
12 de Dezembro de 2024

12 de Dezembro de 2024, 07h:30 - A | A

GERAL / PREJUÍZO DE R$20 BILHÕES

Aprosoja denuncia formação de cartel internacional para prejudicar produtores de soja de Mato Grosso

Por meio da Moratória da Soja, que deveria ser um instrumento de proteção ambiental, trades internacionais excluem produtores que produzem em áreas desmatadas legalmente.

DO REPÓRTER MT



A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) apresentou nessa quarta-feira (11) um pedido formal ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para investigar as práticas comerciais das empresas signatárias da Moratória da Soja. 

A Aprosoja calcula que essas práticas, nas quais a associaçãoa aponta indícios da possível atuação de um cartel internacional, podem resultar em um prejuízo superior a R$ 20 bilhões para Mato Grosso. 

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A moratória é uma espécie de acordo internacional com o objetivo de criar obstáculos para a comercialização de soja oriunda de regiões da Amazônia brasileira que foram desmatadas. Ocorre que esse acordo não leva em consideração que a lei brasileira permite o desmatamento em certos casos e trata todo tipo de desmatamento do mesmo modo.

Após quase duas décadas de vigência do acordo e inúmeras tentativas frustradas de diálogo com as empresas, a associação que representa os produtores de soja apresentou uma ampla base de evidências e novos argumentos técnicos e jurídicos que sustentam os efeitos nocivos do pacto sobre a livre iniciativa e a economia regional.

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Embora Câmara e Senado já tenham solicitado investigações ao CADE, por entender que o acordo desrespeita o preceito constitucional da livre iniciativa, a Aprosoja apresentou novos fundamentos e pareceres jurídicos, além de embasamento técnico, detalhando como a Moratória da Soja criou um ambiente de severa restrição econômica e afronta à legislação brasileira.

O pedido argumenta que o acordo promove práticas que violam o princípio da livre concorrência e impõem barreiras supralegais aos produtores, prejudicando diretamente suas atividades econômicas e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.

“O acordo apresenta fortes indícios da possível atuação de um cartel de compra para a prática de um boicote coletivo direcionado exclusivamente aos produtores de soja, violando a livre iniciativa e a livre concorrência”, explica Sidney Pereira de Souza Jr., sócio do escritório Reis, Souza, Takeishi & Arsuffi, que representa a Aprosoja MT.

Impactos diretos e indiretos

A Moratória da Soja, firmada em 2006, foi inicialmente apresentada como uma solução para evitar desmatamentos ilegais no bioma amazônico. No entanto, o pacto transformou-se em uma ferramenta de exclusão econômica, discriminando arbitrariamente produtores que seguem rigorosamente a legislação ambiental brasileira.

Aprovado em 2012, o Código Florestal determina que propriedades localizadas no bioma amazônico devem destinar 80% da área à preservação ambiental. Os outros 20% podem ser utilizados para cultivo, após obtenção de licença ambiental. A Moratória da Soja, no entanto, impõe, de forma coordenada, a política de “desmatamento zero” na Amazônia para a produção de soja, de modo que, 90% das tradings, signatárias do pacto, se recusam a adquirir a soja proveniente de áreas abertas legalmente.

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“Quando desprezou o direito dos agricultores, a Moratória da Soja deixou de ser uma solução ambiental para se tornar um obstáculo ao progresso econômico de regiões inteiras”, destaca o presidente da Aprosoja, Lucas Costa Beber.

Mato Grosso tem a maior produção de soja do país e a quarta maior do mundo, com 44 milhões de toneladas, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o que é mais do que as safras da China e da Índia somadas.

A Aprosoja estima que cerca de 65 municípios e 2,7 milhões de hectares no Estado sejam afetados pela Moratória imposta pelas tradings, o que estaria levando a uma perda que supera aos R$ 20 bilhões.

“A investigação no CADE terá condições de apurar que o acordo consolidou um cartel de compra, organizado nacionalmente, que atua de forma coordenada para controlar o mercado da soja, com interferências diretas nos volumes de produção e preços, restringindo o direito de venda da produção para milhares de agricultores prejudicados, que deverão ser indenizados”, afirma o advogado da Aprosoja MT.

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