DO REPÓRTERMT
Quarenta e seis entidades, que representam a cadeia produtiva brasileira, publicaram uma carta manifestando “profundo repúdio” à posição do Carrefour da França, que anunciou que não vai comprar mais carne do Brasil e dos demais países que integram o Mercosul. Entre os signatários estão as mato-grossenses Acrimat, Aprosmat, Aprosoja MT e Fiemt.
Para os representantes do setor, a decisão da empresa francesa demonstra uma abordagem protecionista que não condiz com o papel de um grupo que opera em diversos mercados.
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“Tal posicionamento, além de desvalorizar a qualidade e a sustentabilidade das carnes produzidas nos países do Mercosul, prejudica o diálogo e a parceria necessária para enfrentar desafios globais como a segurança alimentar”, diz a carta.
Os signatários destacam que o Brasil é referência na produção e exportação de proteínas animais e líderes globais na exportação de carne bovina e de frango, com um mercado consumidor de mais de 160 países, entre os quais os membros da União Europeia, os Estados Unidos, Japão e China.
A carta ainda afirma que a produtividade aumentou 172% nos últimos 30 anos, enquanto a área de pastagem foi reduzida em 16% no mesmo período. Além disso, as áreas preservadas pelo agro somam 282,8 milhões de hectares, o que representa 33,2% do território do Brasil. Para fins de comparação, isso equivale a pouco mais do que o quádruplo do tamanho da França e oito vezes o tamanho da Alemanha.
“Esses avanços foram possíveis graças a um compromisso contínuo com a inovação, eficiência produtiva e práticas sustentáveis. Além disso, nossa legislação ambiental é uma das mais rigorosas do mundo, assegurando o equilíbrio entre produção agropecuária e preservação dos recursos naturais”, afirma a carta.
As entidades apontam que a decisão do Carrefour é “injustificada” e que os executivos da empresa subestimam a relevância das exportações brasileiras e limitam o acesso dos consumidores europeus a produtos de alta qualidade, seguros e sustentáveis.
“Se uma carne brasileira não serve para abastecer o Carrefour na França, é difícil entender como ela poderia ser considerada adequada para abastecer qualquer outro mercado. Afinal, se o Brasil, com suas práticas sustentáveis, sua legislação ambiental rigorosa e sua vasta área de preservação, não atenderia aos critérios do Carrefour para o mercado francês, então, provavelmente, não atenderia aos critérios de nenhum outro país”, prossegue a carta.
“Reafirmamos nosso compromisso com a produção responsável, sustentável e orientada para atender às necessidades dos mercados globais. Considerando que empresas globais como o Carrefour, que operam amplamente no Brasil e dependem de sua produção para abastecer mercados de todo o mundo, devem atuar com base em princípios de cooperação, transparência e respeito ao livre mercado”, concluem.