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Cuiabá, 16 de Setembro de 2024
16 de Setembro de 2024

19 de Julho de 2022, 08h:11 - A | A

GERAL / JULGADA POR TORTURA

Ex-aluno dos bombeiros relembra sessão de afogamento e diz que teve sonho destruído por Ledur

Justiça Militar deu início às audiências do segundo processo contra a tenente por supostos abusos em treinamentos.

DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTER MT



O ex-aluno do Corpo de Bombeiros, Maurício Júnior dos Santos, relembrou como foram as sessões de afogamento durante o 16º Curso de Formação Bombeiros Militar, realizado em 2016. Ele prestou depoimento na tarde dessa segunda-feira (18), no julgamento de ação penal em que a tenente Izadora Ledur responde novamente por suposto crime de tortura.

A audiência foi conduzida pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara da Justiça Militar, de forma virtual. Este é o segundo processo que Ledur responde por abusos ao aplicar treinamento na corporação.

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Em depoimento, Maurício disse que sempre sonhou em ser bombeiro, apontando que seu pai e irmão são militares. Quando se mudou para Mato Grosso, há 12 anos, viu a oportunidade de realizar o sonho. Entretanto, ressaltou que teve o sonho destruído pela tenente.

Já no curso de formação, como outros alunos, Maurício disse que apresentou dificuldades com a disciplina da água. Ele citou ainda que Ledur já tinha uma fama de “pegar no pé dos alunos mais fracos”.

“Como tinha dificuldade com natação em específico, diziam: ‘Maurício você precisa ter afinco, porque quando você cair nas mãos da Ledur, você tem que estar bem pra passar’. Como outras turmas tinham passado e mencionado o nome [de Ledur], eu já estava sabendo o que me aguardava”, disse.

No dia do treinamento na Lagoa Trevisan, Maurício relembrou que eles precisaram fazer uma corrida antes de entrar na água. Como alguns alunos demoraram para concluir a corrida, Ledur aplicou um “castigo” e mandou fazerem polichinelos e flexões, enquanto aguardavam os demais.

“Eu já estava morto de cansado, comecei a fazer a travessia e me deu câimbra, mas as câimbras não passavam. Eu nadei de 20 a 40 metros, não aguentei mais. Veio o barco e, nisso, a Ledur ia na frente puxando o pelotão. ‘Vamos rebocando ele’. Dali a pouco me jogou a boia, peguei e fui fazendo a travessia”.

Em seguida, a tenente teria mandado Maurício passar uma corda entre o braço e o pescoço.

“Quando chegamos no meio da lagoa, que não dava mais pé, ela mandou todo mundo se afastar e veio até mim e começou a me xingar. Só pensei: 'agora eu vou morrer'. Eu sabia o que podia me acontecer, afinal eu já era conhecido, sabiam minha dificuldade”.

“Uma hora eu encostei nela e disse ‘para, por favor, tu vai me matar’. Ela sabe que eu disse isso, e ela disse ‘tu tá louco’. Eu sei que o aluno não pode encostar em um oficial, e eu encostei nela, e supliquei: ‘pelo amor de Deus, para, tu vai me matar’. [Ela disse] 'Você está louco, aluno encostando em oficial', e passei a engolir água e me afogar”, completou Maurício.

O sargento Roque, que hoje é capitão, foi quem viu a situação e impediu que Maurício continuasse levando caldos. Após sair da lagoa, ele recordou que encostou em uma árvore e começou a vomitar.

Depois disso, foi levado em ambulância para uma unidade de atendimento. Nesse momento, Maurício disse que viu Ledur falando que ele era um "bichinha".

“Vi ela perguntando como que eu estava. Só me lembro dela ter falado 'é uma bichinha mesmo'”.

Por conta do episódio, Maurício desistiu de ser bombeiro. “Dali pra frente, foi onde acabou minha vida e meu sonho”, lamentou.

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Anderson Roberto 19/07/2022

Fico pensando se tem como um bombeiro "café com leite" pedir para uma vítima de afogamento desespada para pegar leve durante o salvamento.

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MARIA AUXILIADORA 19/07/2022

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Alan 19/07/2022

Entendo que a profissão exige preparo, mas essa mulher tá preparada pra assumircomo recruta num lugar que não gosto nem de mencionar o nome.. mas é o oposto do céu..

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3 comentários

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