MAX AGUIAR
OLHAR DIRETO
Passados 36 dias da morte da adolescente Isabele Guimarães Ramos, a empresária Patrícia Guimarães Ramos recebeu a reportagem do Olhar Direto em sua residência, no mesmo condomínio onde ocorreu o disparo que matou sua filha, e contou, em entrevista exclusiva, que espera por Justiça e respostas que levem à verdadeira motivação dos fatos.
O que se sabe até agora é que Isabela estava na casa da melhor amiga, da mesma idade, quando levou um tiro no rosto que saiu de uma pistola calibre 380. O corpo da estudante estava dentro do banheiro e o laudo pericial aponta que o disparo ocorreu a uma distância de 20 a 30 centímetros de maneira reta, ou seja, alguém apontou a arma. O estanho atravessou o crânio de Isabele e saiu na parte de trás da cabeça.
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Ainda abalada por conta do acontecido, Patrícia recebeu a nossa reportagem e revelou que possivelmente o motivo da morte de sua filha teria sido ciúmes e uma possível briga entre a amiga e o namorado.
"Eu, como mãe, acredito que aconteceu algo entre elas. Acho que de repente ciúmes. Pois a minha filha sempre dizia que o relacionamento dela [atiradora e o namorado] tinha um lado bastante conturbado. Eles brigavam muito. Tinha muito ciúmes entre eles. De fato, eu acredito que aconteceu alguma coisa. Mas, o que eu também penso como mãe é que se essa garota não tivesse um acesso a uma arma, se ela não fosse praticante de tiro, ela teria apenas bloqueado minha filha no Instagram ou mandado ela ir embora. Mas, ela estava com uma arma na mão, agiu por impulso e matou minha filha. Eu acho que pode ter ciúmes do próprio namorado", disse Patrícia.
"Eu, como mãe, acredito que aconteceu algo entre elas. Acho que de repente ciúmes. Pois a minha filha sempre dizia que o relacionamento dela [atiradora e o namorado] tinha um lado bastante conturbado. Eles brigavam muito. Tinha muito ciúmes entre eles".
Conforme os autos, o namorado da atiradora seria o responsável por ter levado a arma até a casa, no condomínio Alphaville. Ele teria transportado o case com duas armas, sendo uma pistola e um revólver para que o empresário Marcelo Cestari fazer uns ajustes. E por não querer retornar com a arma para casa, ele pediu que Marcelo a deixasse guardada em sua residência.
Após isso, a filha de Marcelo subiu ao quarto para guardar a caixa com as armas e em determinado momento o case teria caído e a pistola disparado, matando Isabele com um tiro no rosto. A bala entrou pelo nariz e saiu na nuca.
Patrícia diz que sabe que o namorado da atiradora não estava mais na casa quando ocorreu o crime. Mas, prefere não comentar sobre uma possível participação dele em algum plano contra sua filha.
"Ele não estava na casa. Eu estou convencida. Vi imagens. Mas se me perguntar se ele contribuiu, eu não posso falar com certeza. Fiquei sabendo que ele apagou as mensagens. O fato é que ele sabe o que aconteceu. As pessoas que estavam lá sabem sim o que aconteceu. Eu espero que alguém conte a verdade e que a verdade seja dita. Seja um vizinho, seja o namorado. Eu acredito que vai acontecer", comentou a empresária.
À reportagem, Patrícia contou o que sente sobre o fato. Ela volta a dizer que aquilo foi premeditado contra sua filha e que mesmo a família Cestari insistir em dizer que houve um acidente, até o momento que ela chegou na casa ninguém falava nada. Segundo a empresária, parecia algo "arquitetado".
"Do outro lado não recebi nenhum contato. Eu esperava esse contato se fosse um acidente, mas é um assassinato, fica muito estranho alguém pedir desculpas por um crime intencional"
"E aquilo foi uma história simulada. Eu tenho certeza que aquilo foi arquitetado. Desde o primeiro momento que eu pisei na casa o povo falava em acidente, mas ninguém me falou que era um tiro. Parece que eles eram instruídos a não dizer nada. Eu cheguei a perguntar, naquele momento de desespero. E todos foram omissos. Acidentes têm explicação. E aquele dia eu não tive explicação. O delegado que explicou o que havia acontecido. Quem instruiu essas pessoas a montar essa história eu não sei te dizer. Naquele noite tinham policiais ajudando o dono da casa naquela situação. Se arrumou a cena do crime eu não sei. Mas a arma não estava, eu fui lá e não vi arma. A bala não estava. Um sequencia de atos que deixam dúvidas. Parece coisa de cinema".
Por fim, Patrícia diz que acredita na Justiça e nas pessoas envolvidas da investigação do caso. Com isso, ela espera receber a verdade sobre o crime e que se isso não acontecer rapidamente, ela espera a prisão dos envolvidos.
"Eu prefiro acreditar que sim. Acreditar na Justiça verdadeira. Quero acreditar que existam pessoas honestas sim. Do outro lado não recebi nenhum contato. Eu esperava esse contato se fosse um acidente, mas é um assassinato, fica muito estranho alguém pedir desculpas por um crime intencional. Até que tudo seja elucidado, até lá, eu espero que essas pessoas sejam presas", concluiu a empresária.
Patrícia não participou da reconstituição do caso, que aconteceu na noite de terça-feira (18) no condomínio de luxo, do bairro Jardim Itália, em Cuiabá. Ela também estranhou o laudo psicológico que informou que a possível atiradora não teria condições de participação da simulação. Mas agora, a polícia deve concluir o caso em 15 dias.
A reconstituição
Pelo menos 41 policiais civis participaram, na terça-feira (18), da ação de reconstituição simulada do caso que envolve a morte da adolescente Isabele Guimarães Ramos.
Os trabalhos passaram de sete horas. Tudo começou às 19h33. Todas as pessoas intimadas pela Polícia Civil compareceram, à exceção da adolescente que fez o disparo. Foram reproduzidos todos os movimentos efetuados pelas partes, para apontar a compatibilidade das versões apresentadas na investigação.
A ação foi tão minuciosa que, inclusive, três disparos foram feitos dentro da casa, para os policiais poderem chegar até o ponto certo de como ocorreram os fatos naquela noite de domingo, 12 de julho. Duas atrizes interpretaram o papel de Isabele e de sua amiga. Elas possuem a mesma altura e peso das meninas.