OAB: Julgar a vítima dá poder ao agressor; quem faz isso pode responder criminalmente

RepórterMT

“Quando o foco é na vítima o que nós fazemos é empoderar os agressores", diz Gláucia Amaral.

DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTER MT

A presidente da Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), Gláucia Amaral afirmou ao RepórterMT, que as pessoas que usam as redes sociais para criticar as vítimas de violência doméstica ou feminicídio estão dando "poder ao agressor" e podem responder criminalmente pelas falas.

“Esses comentários em rede social que a gente combateu aí, eles desculpam o agressor. Porque fica como se ela não tivesse mudado o comportamento a agressão não tinha acontecido. E não é isso”, declarou.

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A declaração veio após a advogada Cristiane Tirloni, 48 anos, - que foi espancada, estuprada e morta por um ex-policial militar em Cuiabá na semana passada, ter sido alvo de críticas nas páginas que noticiaram o crime em Mato Grosso.

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De acordo com as investigações, Cristiane conheceu seu assassino em um bar e foi para a casa do criminoso, onde foi brutalmente assassinada. O corpo dela foi achado no domingo (13) dentro de seu veículo abandonado no Parque das Águas.

Gláucia defende uma mudança social para que o foco volta a ser em cima do criminoso e não da vítima.

“Quando o foco é na vítima o que nós fazemos é empoderar os agressores. Porque toda sociedade, em diversas matérias, nós comentários, as pessoas focam na vítima, no comportamento da vítima e ele (agressor) é esquecido”, explicou.

Tribunal das redes sociais

Já a presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso questionou os limites “da liberdade de expressão” e enfatizou que essas pessoas podem sim ser criminalizadas pelos comentários críticos e ofensivos.

"Os limites da liberdade de expressão, as redes sociais, os tribunais das redes sociais, no caso da doutora Cristiane o quanto ela foi atacada. Ela foi vítima, foi morta, violentada e nas redes sociais ela foi mais uma vez vítima, ela foi atacada cruelmente e aí vem a questão dos limites da liberdade de expressão. Toda ação ela tem uma reação e consequentemente uma responsabilização”, declarou.

“Então as pessoas que fazem os comentários, as pessoas que atacam, as pessoas que acusam elas têm que ter a consciência que elas podem responder por aquilo. Podem responder criminalmente - se o comentário configurar algum tipo de crime - e podem responder também civilmente inclusive, com a condenação ao pagamento de danos morais ou materiais à família ou a vítima”, emendou.