EUZIANY TEODORO
DA REDAÇÃO
O Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso (Sindispen) decidiu rebater as acusações de que estariam facilitando fugas nos presídios desde que deflagraram greve no dia 16 de dezembro. De lá pra cá, já são 4 fugas registradas, mesmo com o movimento tendo sido suspenso em 3 de janeiro para negociações.
Em nota à imprensa, os policiais penais alegaram unidades superlotadas, com estrutura ruim e falta de manutenção.
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Durante a greve, os policiais penais continuaram presentes nas unidades, mas sem realizar o trabalho de fiscalização. Também suspenderam as visitas de final de ano o que teria gerado revolta na população carcerária.
Foram registradas fugas nos presídios de Sorriso, no dia 1º de janeiro; de Água Boa, em 3 de janeiro; da Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, no dia 10 de janeiro; e no Complexo Penitenciário Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, nesta quinta-feira (13).
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De acordo com o Sindicato, algumas dessas unidades abrigam o dobro de detentos previstos, e a falta de investimento na estrutura dos presídios dificulta o trabalho dos servidores.
Somente na PCE, local onde dois reeducandos fugiram na segunda-feira, são 2.440 detentos em um presídio com capacidade para 1.200 pessoas. A unidade passa por reforma e, de acordo com servidores, os reeducandos aproveitaram os transtornos causados pela falta de planejamento e organização durante as obras realizadas pelo governo Estado na unidade.
“São mais de dois mil reeducandos dentro da unidade para um plantão de mais ou menos 30 policiais penais. É um trabalho extremamente difícil, e por causa das obras, ficou ainda mais complicado manter o controle e a organização dentro da unidade. Ao contrário do que estão supondo, não houve facilitação por parte dos policiais penais para que as fugas acontecessem. Há um problema sério de estrutura e condições precárias”, afirmou o diretor de Imprensa do Sindspen, Jota Moraes.
Eles também citam a tentativa de fuga de uma presidiária na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, também na Capital, capturada no telhado da unidade no dia 28 de dezembro, quando tentava fugir do local. “Ali é mais complicado ainda. A parte de cima das celas são cobertas apenas por telhas de amianto, que como sabemos são frágeis e não impediria nenhuma detenta de fugir do local”, ressalta Jota Moraes.
Em Várzea Grande, no Complexo Penitenciário Ahmenon Lemos Dantas, que tem capacidade para abrigar aproximadamente mil presos, não há muro de contenção e é cercado apenas por grades. Além disso, os policiais penais reclamam da falta de uma guarita para ajudar no controle de quem entra e sai da unidade.
Já na Penitenciária Major Zuzi, em Água Boa, onde a estrutura é um pouco melhor, o problema é a superlotação. De acordo com levantamento do Sindspen, a unidade tem capacidade para aproximadamente 330 detentos e abriga atualmente mais de 650.
“Nós vemos com frequência na mídia que o governo tem dezenas de obras em andamento, mas infelizmente essas melhorias não estão acontecendo nessas unidades”, afirmou o sindicalista.