FOLHA DE SÃO PAULO
Há poucas semanas ele atendia o próprio telefone celular, cujo número havia colocado no site do partido, e era um completo desconhecido no mundo político de Brasília.
Agora, o ex-vereador de Planaltina de Goiás (a 60 km de Brasília) Eurípedes Júnior, 38, anda rodeado de auxiliares e políticos, contratou assessor de imprensa e mal consegue atender à demanda de telefonemas e encontros.
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Na tarde de ontem, o presidente do Pros (Partido Republicano da Ordem Social) recebeu a Folha em uma das churrascarias mais caras de Brasília, após ter almoçado com deputados federais e o suplente de senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), que devem ingressar na legenda.
Em seu único mandato eletivo em Planaltina de Goiás, encerrado em 2012, Eurípedes foi eleito pelo PSL, migrou para o PRP e terminou no PRTB, última escala antes de montar o Pros.
A explicação, segundo ele, é que essas siglas não lhe permitiam defender a redução de impostos no Brasil.
"Eu sempre defendi a redução dos impostos no Brasil, é minha bandeira principal, e dentro desses partidos a gente tinha dificuldade de falar isso aí. Então tive que criar um partido."
Eurípedes nega que o Pros corra o risco de se tornar uma salada ideológica ou ser tachado de "partido de aluguel" por ter aberto as portas a deputados de todas as tendências, da oposição ao governo.
"Coloco para todos eles que temos uma proposta e deixo claro que eles estão vindo pra cá para defender essa proposta", diz ele.
Apesar de reconhecer que a sigla nasce com a tendência de apoiar o governo Dilma Rousseff e a reeleição da presidente, o ex-vereador faz uma advertência: "Algumas pessoas que estão dentro do partido tem a tendência a votar com o governo... outros não. Tem todas as formas. Tem de tudo aqui dentro."
Eurípides define o Pros como de "centro", mas com liberdade para caminhar em qualquer direção já que não teria tido ajuda do governo ou da oposição.
Anteontem, antes que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ratificasse a criação do partido, Eurípedes passou a tarde na sala de "cafezinho" do plenário da Câmara dos Deputados negociando possíveis filiações.
Em determinado momento, o deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) abordou o grupo: "Quero saber qual é a vantagem que eu vou ganhar nesse troço", falou alto, em tom de brincadeira.
À Folha, Eurípedes diz que, na essência, o que está sendo oferecido é o comando do partido no Estado. "Os Estados onde não temos nada, passamos para o deputado federal a presidência."
Ainda na entrevista na churrascaria, Eurípedes calculou que seu partido pode atrair até 30 deputados, além do governador Cid Gomes (CE) e do ex-ministro Ciro Gomes: "Os dois", enfatiza.
O Pros também espera filiar Romário (ex-PSB) que, nas palavras do ex-vereador, disse estar "99,9% fechado".