O GLOBO
Melhor evitar os beijos ardentes na área da piscina do condomínio Paradiso Residence, na Barra da Tijuca. É que a administração do empreendimento mandou afixar uma placa no local, proibindo, digamos, chamegos mais quentes. Ao apelar para que os usuários respeitem o ambiente comunitário, o condomínio atende a reclamações de moradores, que, garante o síndico Luiz Francisco Cavalcanti, aconteciam em maior número do que as críticas recebidas hoje em relação à medida:
— Nós fizemos isso para inibir. Especialmente, porque há muitos visitantes nas férias, e é bom que eles saibam que não podem se exceder, porque este é um espaço familiar. A pessoa que exagera, constrange os outros — justifica.
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Naturalmente, a questão divide opiniões. Mas é tratada de forma reservada. Sem querer se identificar, um morador alega que a placa é ofensiva, imperativa e deveria ser retirada. Já outra condômina, que também prefere o anonimato, afirma que não chega a se incomodar, mas acredita que a placa é desnecessária e que uma advertência seria a melhor abordagem para o assunto, além, é claro, do bom senso.
Para especialista, melhor multa do que placa
De qualquer forma, é difícil não se admirar ao passar pela área da piscina e ver os dois bonequinhos, que se beijam na boca, marcados por um sinal de proibido. Tanto que a palavra preferida para definir a medida é inusitada. De acordo com especialistas na administração de condomínios, a placa em si é bem atípica. Garantem até que nunca viram caso parecido. Por outro lado, acrescentam, casos de pegação dentro de condomínios de maneira geral... estes sim são bem corriqueiros. Como casais que foram pegos em intimidade dentro da piscina, dentro do carro ou na garagem, entre outras histórias.
— Este tipo de situação acontece em vários condomínios, é difícil de ser tratada, mas tem que ser abordada — afirma o advogado Hamilton Quirino, que ressalta, entretanto, que colocar uma placa de proibição não é o caminho mais adequado. — Eu entendo que o mais apropriado seria enviar uma circular aos moradores, alertando para a impropriedade da situação.
A advogada Marta Barreto argumenta que, se há muita gente reclamando no condomínio, é preciso, sim, tomar uma medida para rever os limites de convívio da área social. Mas buscando consenso, com muita conversa:
— Tem que haver uma forma correta de coibir, até para evitar constrangimento aos outros moradores. O casal que faz isso está errado, mas o condomínio tem de ter cautela.
Uma saia justa, para inibir sem constranger
Alfredo Lopes, diretor-presidente da Protel Administradora, defende como melhor opção criar um regulamento interno que estabeleça multa para os exageros. O indicado, diz, seria uma placa informando que aquela é uma área comum. Mas sem impor nada. Opinião que também é compartilhada pelo diretor da Paladino Administradora, Ovídio Bomfim, que considera a placa um pouco agressiva, pois sua forma e conteúdo emitem a ideia de generalização e isso pode ofender e constranger alguns.
O síndico, por sua vez, garante que o objetivo da placa não é inibir beijos e simples abraços. Ele informa que está estudando outras saídas, junto ao conselho.
— A placa se refere a algo mais exagerado, libidionoso. Não é para inibir um beijo ou um simples abraço na piscina — diz Cavalcanti, esclarecendo que não houve caso de casal que tenha chegado aos finalmentes, na pegação.