WILSON CARLOS FUÁH
Saudade da minha querida Mocidade Independente Universitária, era uma escola dentro da universidade, que originou da Banda U, era composta pela grande camada de universitários e professores da UFMT, e que comandava e organizava a Mocidade a escola que encantava e contagiava o carnaval cuiabano, e entre eles destacamos : Batista e Abílio, Rico, Jamil, Wilson Breguncci, Estélio, e tinha também o carnavalesco Sandro Vilar que sabia fazer das letras do samba enredo e a distribuição e composição das alas da escola.
Entre os destaques que davam o brilho em forma de luxo na avenida, tinha como destaque das fantasias entre outros o Fernando Delamônica e Rafael Rueda que desfilavam com destaque nos pouco carro alegóricos da escola.
Entre a parte mais importante da Mocidade, tinha os grandes ritmistas, que carinhosamente eram chamados de batuqueiros, e todos os anos eu estava lá, tocando o meu tamborim, e arrepiando na Avenida, e a frente dos mais de100 batuqueiros tinha no comando da Bateria mais famosa de Cuiabá, o Super Zé, o famoso Mestre Zequinha, com o seu apito de ouro, trazia a sua liderança ao comandar os seus ritmistas, e com o som afinadíssimo, faziam tremer a Avenida Vargas.
Os batuqueiros vinham de todos os bairros, mas a grande maioria vinham do Areão, Popular, Lixeira, Araés e Baú, e que atravessavam a cidade e iam fazer samba da melhor qualidade na Av. Vargas, entre eles podemos citar com saudade: o Repenique do Vasquinho e do Valtinho, o Tarau do Cabibi, Contra-Surdo do Miguel, o Agogô do saudoso Lau; o Reco-Reco do Kim, Choqualho do Airton, Zé Fernado e Aurinho o Tamborim do Zeca Adrião, Chico Manequim, Lucien e do Fuá, o Treme-Terra do Dititinho Fuminho e do Pinote, só para citar alguns batuqueiros, nossa homenagem a todos eles que compuseram a melhor bateria do estado de Mato Grosso.
Nossa homenagem póstuma ao grande passista Herbert Richard da Silva, que era uma figura destacada, era o Mestre Sala, e com a suas vestimentas estilizadas, negão com peruca branca e roupa de época, dava o seu show à parte, dizia: “qualé, qualé, qualé” para empatar comigo o neguinho tem que saber pelo menos 28 passos do verdadeiro Mestre Sala. E assim ele dava um show à parte, com a missão de proteger o pavilhão da Mocidade e a Porta Bandeira Marlene.
Como não se lembrar dos Passistas que vinham na frente da escola pedindo passagem com os seus Pandeiros de Ouro: lá estavam o famoso Alair Fernando e Marcelo, negões vestidos a caráter: camisa de renda branca, calça branca e sapato branco, e faziam a evolução jogando os seus pandeiros lá no alto, aparando-os com a mão direita e rolando pelo peito até cair na mão esquerda, era como se fossem os “abre ala” da inesquecível Mocidade Independente Universitária, que vai ficar nas lembranças do povo cuiabano.
A Mocidade Independente Universitária, era muito linda e super organizada, trouxe muita alegria ao Carnaval cuiabano, foi hexa campeã sequencialmente, diziam que ela deveria receber o Troféu “Hors Concours”, porque era imbatível, muita beleza na composição das alas e com o ritmo super afinado, estava além do seu tempo, fora da realidade do carnaval cuiabano e foi uma escola futurística, mas que também se acabou por falta de continuidade ou falta de novas lideranças, mas faz parte da história do Carnaval cuiabano.
E o que resta da festa do carnaval cuiabano somente o silêncio da Av. Getúlio Vargas, é só saudade e com as doces lembranças da Mocidade Universitária que um dia fez o povo feliz e mostrou que a mescla da organização dos professores da UFMT, dos Foliões e dos Batuqueiros, deu caldo e muito samba, mas que infeliz ficou só na lembrança daqueles que viveram aqueles carnavais dos anos 70.
Neste artigo procurei demonstrar um sentimento nostálgico sobre a Mocidade Independente Universitária, uma escola de samba que marcou o carnaval cuiabano dos anos 70, procurando destacar a importância da agremiação, sua organização exemplar e o impacto cultural que teve na cidade.
1. A Memória dos Carnavais Passados
No texto procuro ressaltar a saudade de uma época em que o carnaval de Cuiabá era vibrante e bem estruturado.
A Mocidade Independente Universitária, formada por universitários e professores da UFMT, demonstrava que o carnaval não era apenas uma festa popular, mas também um espaço de organização, disciplina e arte.
Onde procuro recordar personagens icônicos, como o carnavalesco Sandro Vilar, o Mestre organizador Alair, Mestre de Bateria Zequinha e passistas como Herbert Richard da Silva.
2. A Escola de Samba como Símbolo Cultural
A Mocidade Independente Universitária não era apenas uma escola de samba, mas um reflexo da diversidade social e cultural da cidade. A mistura de batuqueiros vindos de diferentes bairros demonstra como o carnaval servia como um ponto de união entre comunidades, promovendo a inclusão e o pertencimento.
O artigo ressalta a qualidade técnica da bateria, com menção a instrumentos como o tamborim, repique e surdo, evidenciando o alto nível musical da escola.
3. O Reconhecimento e a Ascensão da Escola
O sucesso da escola a tornou hexa campeã, ao ponto de se sugerir que recebesse um troféu “Hors Concours”, já que sua superioridade era incontestável. Essa hegemonia reforça a ideia de que o grupo estava à frente de seu tempo, trazendo inovações e uma organização diferenciada.
No entanto, a falta de continuidade e renovação de lideranças levou ao seu desaparecimento, evidenciando um dos desafios históricos das escolas de samba: a necessidade de renovação e adaptação.
4. O Declínio do Carnaval de Cuiabá
O artigo também lamenta a perda do brilho do carnaval cuiabano. A Avenida Getúlio Vargas, que um dia foi palco de grandes desfiles, hoje está em silêncio. Essa mudança reflete um fenômeno que aconteceu em diversas cidades brasileiras, onde as dificuldades financeiras, a falta de incentivos culturais e mudanças nos hábitos da população contribuíram para a redução da importância do carnaval de rua.
5. O Carnaval como Patrimônio e Identidade
Por fim, o texto reforça que o carnaval não é apenas festa, mas um elemento fundamental da identidade cultural de uma cidade. Ele promove alegria, integração social e expressão artística. A Mocidade Independente Universitária foi um exemplo de como a organização e o talento podem transformar um evento popular em algo memorável.
Conclusão
A crônica é um convite à valorização da história do carnaval cuiabano. Ao relembrar a Mocidade Independente Universitária, onde posso destacar a importância da preservação cultural e da continuidade de tradições que marcaram gerações. A pergunta que fica é: será possível resgatar essa energia e devolver o brilho ao carnaval de Cuiabá?
*Wilson Carlos Fuáh – É Especialista em Recursos Humanos e pesquisador das Relações Sociais e Políticas, Graduado em Ciências Econômicas.