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Cuiabá, 03 de Março de 2025
03 de Março de 2025

03 de Março de 2025, 09h:19 - A | A

OPINIÃO / WILSON FUÁH

A escola Hors Concours do carnaval

WILSON CARLOS FUÁH



Saudade da minha querida Mocidade Independente Universitária, era uma escola dentro da universidade, que originou da Banda U, era composta pela grande camada de universitários e professores da UFMT, e que comandava e organizava a Mocidade a escola que encantava e contagiava o carnaval cuiabano, e entre eles destacamos : Batista e Abílio, Rico, Jamil, Wilson Breguncci, Estélio, e tinha também o carnavalesco Sandro Vilar que sabia fazer das letras do samba enredo e a distribuição e composição das alas da escola.

Entre os destaques que davam o brilho em forma de luxo na avenida, tinha como destaque das fantasias entre outros o Fernando Delamônica e Rafael Rueda que desfilavam com destaque nos pouco carro alegóricos da escola.

Entre a parte mais importante da Mocidade, tinha os grandes ritmistas, que carinhosamente eram chamados de batuqueiros, e todos os anos eu estava lá, tocando o meu tamborim, e arrepiando na Avenida, e a frente dos mais de100 batuqueiros tinha no comando da Bateria mais famosa de Cuiabá, o Super Zé, o famoso Mestre Zequinha, com o seu apito de ouro, trazia a sua liderança ao comandar os seus ritmistas, e com o som afinadíssimo, faziam tremer a Avenida Vargas.

Os batuqueiros vinham de todos os bairros, mas a grande maioria vinham do Areão, Popular, Lixeira, Araés e Baú, e que atravessavam a cidade e iam fazer samba da melhor qualidade na Av. Vargas, entre eles podemos citar com saudade: o Repenique do Vasquinho e do Valtinho, o Tarau do Cabibi, Contra-Surdo do Miguel, o Agogô do saudoso Lau; o Reco-Reco do Kim, Choqualho do Airton, Zé Fernado e Aurinho o Tamborim do Zeca Adrião, Chico Manequim, Lucien e do Fuá, o Treme-Terra do Dititinho Fuminho e do Pinote, só para citar alguns batuqueiros, nossa homenagem a todos eles que compuseram a melhor bateria do estado de Mato Grosso.

Nossa homenagem póstuma ao grande passista Herbert Richard da Silva, que era uma figura destacada, era o Mestre Sala, e com a suas vestimentas estilizadas, negão com peruca branca e roupa de época, dava o seu show à parte, dizia: “qualé, qualé, qualé” para empatar comigo o neguinho tem que saber pelo menos 28 passos do verdadeiro Mestre Sala. E assim ele dava um show à parte, com a missão de proteger o pavilhão da Mocidade e a Porta Bandeira Marlene.

Como não se lembrar dos Passistas que vinham na frente da escola pedindo passagem com os seus Pandeiros de Ouro: lá estavam o famoso Alair Fernando e Marcelo, negões vestidos a caráter: camisa de renda branca, calça branca e sapato branco, e faziam a evolução jogando os seus pandeiros lá no alto, aparando-os com a mão direita e rolando pelo peito até cair na mão esquerda, era como se fossem os “abre ala” da inesquecível Mocidade Independente Universitária, que vai ficar nas lembranças do povo cuiabano.

A Mocidade Independente Universitária, era muito linda e super organizada, trouxe muita alegria ao Carnaval cuiabano, foi hexa campeã sequencialmente, diziam que ela deveria receber o Troféu “Hors Concours”, porque era imbatível, muita beleza na composição das alas e com o ritmo super afinado, estava além do seu tempo, fora da realidade do carnaval cuiabano e foi uma escola futurística, mas que também se acabou por falta de continuidade ou falta de novas lideranças, mas faz parte da história do Carnaval cuiabano.

E o que resta da festa do carnaval cuiabano somente o silêncio da Av. Getúlio Vargas, é só saudade e com as doces lembranças da Mocidade Universitária que um dia fez o povo feliz e mostrou que a mescla da organização dos professores da UFMT, dos Foliões e dos Batuqueiros, deu caldo e muito samba, mas que infeliz ficou só na lembrança daqueles que viveram aqueles carnavais dos anos 70.

Neste artigo procurei demonstrar um sentimento nostálgico sobre a Mocidade Independente Universitária, uma escola de samba que marcou o carnaval cuiabano dos anos 70, procurando destacar a importância da agremiação, sua organização exemplar e o impacto cultural que teve na cidade.


1. A Memória dos Carnavais Passados

No texto procuro ressaltar a saudade de uma época em que o carnaval de Cuiabá era vibrante e bem estruturado.

A Mocidade Independente Universitária, formada por universitários e professores da UFMT, demonstrava que o carnaval não era apenas uma festa popular, mas também um espaço de organização, disciplina e arte.
Onde procuro recordar personagens icônicos, como o carnavalesco Sandro Vilar, o Mestre organizador Alair, Mestre de Bateria Zequinha e passistas como Herbert Richard da Silva.

2. A Escola de Samba como Símbolo Cultural
A Mocidade Independente Universitária não era apenas uma escola de samba, mas um reflexo da diversidade social e cultural da cidade. A mistura de batuqueiros vindos de diferentes bairros demonstra como o carnaval servia como um ponto de união entre comunidades, promovendo a inclusão e o pertencimento.
O artigo ressalta a qualidade técnica da bateria, com menção a instrumentos como o tamborim, repique e surdo, evidenciando o alto nível musical da escola.

3. O Reconhecimento e a Ascensão da Escola
O sucesso da escola a tornou hexa campeã, ao ponto de se sugerir que recebesse um troféu “Hors Concours”, já que sua superioridade era incontestável. Essa hegemonia reforça a ideia de que o grupo estava à frente de seu tempo, trazendo inovações e uma organização diferenciada.

No entanto, a falta de continuidade e renovação de lideranças levou ao seu desaparecimento, evidenciando um dos desafios históricos das escolas de samba: a necessidade de renovação e adaptação.

4. O Declínio do Carnaval de Cuiabá
O artigo também lamenta a perda do brilho do carnaval cuiabano. A Avenida Getúlio Vargas, que um dia foi palco de grandes desfiles, hoje está em silêncio. Essa mudança reflete um fenômeno que aconteceu em diversas cidades brasileiras, onde as dificuldades financeiras, a falta de incentivos culturais e mudanças nos hábitos da população contribuíram para a redução da importância do carnaval de rua.

5. O Carnaval como Patrimônio e Identidade
Por fim, o texto reforça que o carnaval não é apenas festa, mas um elemento fundamental da identidade cultural de uma cidade. Ele promove alegria, integração social e expressão artística. A Mocidade Independente Universitária foi um exemplo de como a organização e o talento podem transformar um evento popular em algo memorável.


Conclusão

A crônica é um convite à valorização da história do carnaval cuiabano. Ao relembrar a Mocidade Independente Universitária, onde posso destacar a importância da preservação cultural e da continuidade de tradições que marcaram gerações. A pergunta que fica é: será possível resgatar essa energia e devolver o brilho ao carnaval de Cuiabá?

 

*Wilson Carlos Fuáh – É Especialista em Recursos Humanos e pesquisador das Relações Sociais e Políticas, Graduado em Ciências Econômicas.

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