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Cuiabá, 09 de Março de 2025
09 de Março de 2025

09 de Março de 2025, 08h:01 - A | A

OPINIÃO / SÔNIA MAZETTO

E se criássemos um arquivo com nomes dos agressores?

SÔNIA MAZETTO



Tenho vivenciado uma inquietação muito grande e sei que muitas mulheres compartilham comigo dessa preocupação. Há tantos anos trabalhando em defesa da mulher, assistimos que não temos avançado muito na proteção da mulher. Os números estão aí para mostrar: segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, a cada 6 horas é registrado um assassinato de mulher.

Se as punições não forem efetivas para o agressor, as leis, campanhas, reuniões, seminários, enfim, ficam limitados se a pessoa que cometeu o crime sai pela porta da frente da delegacia. Recentemente, inclusive, acompanhamos o caso do rapaz que esfaqueou a namorada. Ao se entregar, 24 horas depois do crime, ele saiu pela porta da frente e as investigações ficaram para depois.

Inclusive a lei do assédio segue no mesmo rumo e o “não é não” acaba por não coibir más atitudes. Não há punição, a mulher registra um boletim de ocorrência e fica por isso mesmo, abre-se uma investigação e é isso! Tal como os estabelecimentos que acionam a polícia em caso de assédio, o agressor é encaminhado para a delegacia e depois é solto pela porta da frente.

E no meio dessa pouca resolução, milhares de mulheres morrem! Pensando em ajudar no que não está sendo efetivo, resolvemos mexer o corpo e espero que outras pessoas também o façam. A inspiração para esse movimento vem de um vídeo de mulheres Filipinas que se uniram para se protegerem.

Tudo começou com uma mulher que resolveu fazer diferente e chamar outras. Agora elas são unidas e intimidam os homens que praticam violência contra as mulheres. Elas não usam a força, mas sim a união e a pura pressão psicológica. Quando uma mulher é ameaçada, todas são, e é preciso fazer algo para sanar isso.

Foi assistindo essa história que pensamos: o que podemos fazer para mudar, de verdade, para protegermos nós, mulheres? Foi então que, depois de muita conversa, pensamos que a informação pode ser a resposta. A ideia que surge é a criação de um banco de dados com os nomes dos feminicidas, para que as mulheres que hoje não têm acesso às informações possam ter ciência de com quem estão se relacionando.

Tal como a Câmara de Dirigentes Lojistas tem um local de registros onde os empresários podem consultar os maus pagadores para não saírem no prejuízo, e se nós criássemos um registro onde as mulheres pudessem consultar o nome de determinada pessoa? Quando ela entrasse e pesquisasse, iria aparecer todos os antecedentes criminais contra as mulheres.

As informações para abastecer o banco de dados viriam de publicações de jornais, boletins de ocorrência, informações oficiais e também vindas dos coletivos que lutam pela defesa das mulheres, que são mais atuantes nos bairros. Assim criaríamos uma ferramenta extraoficial para que possamos fazer o movimento contrário.

A ideia é que esse movimento da sociedade civil comece, por exemplo, a mostrar ao judiciário e aos políticos que estamos ali, juntas, verificando e acompanhando o que está acontecendo. Talvez questionar o judiciário porque o delegado não aplicou nenhuma punição, ou mesmo porque determinada pessoa saiu pela porta da frente. Enfim, seremos aliadas no combate ao crime!

Dando esse pontapé, a ideia é utilizar esse banco de dados para uma ação muito maior e que traga danos aos criminosos. Por exemplo, que essa pessoa com o nome registrado como feminicida no banco de dados não possa concorrer a cargo público, não consiga participar de processos seletivos, enfim, punir de verdade, nem que seja limitar esse criminoso socialmente.

Aliás, acho que essa ideia de banco de dados tem que sair urgentemente do papel e já temos até um nome: “guardiãs da vida”. Aproveitamos esse artigo para convidar você que quer participar com a gente de ações que ajudem o poder público, para participar de uma reunião no dia 14 de março (sexta-feira), às 17h, no auditório do Grupo Gazeta de Comunicação. O objetivo é unir pessoas que querem fazer que nem as mulheres das Filipinas: ajudar uma por uma, e já!

Sônia Mazetto - Gestora de Potencial Humano, Terapeuta Integrativa, Fonoaudióloga e Palestrante

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