FERNANDO ASSUNÇÃO
Já fazia alguns dias, oscilava e o que parecia uma gripe: febre, dor de cabeça, dores nas pernas e algumas manchas surgiram onde eu me impactei. Senti no coração que ele precisava ser levado para fazer um exame de sangue, um hemograma e adiantar a consulta de rotina no pediatra.
Era 10:30 da manhã, a médica telefonou, queria falar pessoalmente, o coração foi a 180, pedi que ela falasse: meu filho de 12 anos foi diagnosticado com leucemia, era uma quinta-feira, meu chão sumiu, a luz sumiu, o tempo parou, o tempo fugiu.
Pensamos que nunca será com a gente, mas descobrimos, da forma mais avassaladora, que sempre estará muito próximo da gente e de gente com quem vivemos juntos.
Minutos de razão se misturam a várias emoções. Deus sempre presente me sopra que preciso pensar na cura, com o melhor tratamento e com velocidade. Sexta-feira, amigos, contatos, família e fé, demos entrada na internação dele no Hospital Infantil Boldrini em Campinas, centro de referência no tratamento da leucemia na América Latina.
Cada minuto faz a diferença, fé, amor e ciência são a tríade da cura. O coração aflito quer saber agora qual tipo, qual estratégia, qual tratamento, quanto tempo, o que fazer, como será a vida dele, quais efeitos, quais as chances, como faremos, o que podemos fazer e mais uma dezena de perguntas borbulham o tempo todo na mente. É importante frear, pois a saúde mental, especialmente a dele, vai gerar segurança, resiliência, convicção e a alta rede de amor vai iluminando a trilha nas mãos de Deus.
Em 2024, 11.540 casos de leucemia infantil foram registrados no Brasil e, na maioria deles, a cura veio por um diagnóstico precoce, assertivo, somado ao tratamento correto. O hospital Boldrini, ligado à Unicamp, completou 47 anos de fundação e cura desta doença, sua semente foi plantada pela Dra. Silvia Brandalise, hoje com 81 anos, na ativa e que tivemos a honra de receber a visita, demonstra como um ideal, um propósito, somado ao pragmatismo técnico, pode salvar vidas.
E quando se luta pela vida, hora, dia, semana ou mês, podem ter durações diferentes, conforme os exames e consultas chegam, temos um misto de sensações e projeções, entretanto, acima de tudo, sempre guiado pela luz divina, a estrada vai mostrando os desafios e as conquistas, passo a passo.
Escolas, instituições, poder público e famílias, todos nós precisamos falar mais sobre leucemia, especialmente nas crianças. Sem alarde, porém com grande conscientização, este movimento de comunicar pode ser uma potente ferramenta de geração de cura para dezenas de casos por todo o Brasil.
Fevereiro laranja, mês da conscientização da leucemia infantil, vamos trazer esse tema para perto, pois pode haver alguém próximo que precise de apoio. Alguns dos sintomas são: Dor nos ossos e articulações, fadiga, febre, palidez, manchas roxas na pele, dor abdominal, perda de peso e equilíbrio, sangramentos espontâneos, dores de cabeça, inchaço no rosto e nos braços, problemas nas gengivas, são sinais que precisam ser analisados pelo médico e exames.
Assim, seguimos convictos pela cura, gratos pela oportunidade da vida e da caminhada, pedindo que ajudem ainda mais lugares como o Hospital Boldrini que fazem um trabalho magnífico. Faça doações, acione parceiros, seja um parceiro oficial e ajude a divulgar a importância da conscientização e prevenção da leucemia.
Fernando Assunção - Pai do Heitor, tratando de Leucemia LLA