JORGE MACIEL
Nos próximos dias, apesar das suposições às brumas, o prefeito Francisco Galindo deve se declarar candidato à reeleição, até porque o plano B [tradução: Carlos Brito] mesmo com seus bons predicados pode aguardar. Os recentes alinhavos das últimas semanas têm essa direção. A aproximação súbita – não para todos - com o PSD de José Riva, com a ocupação de pastas estratégicas, os laços [re]atados com o PSDB, a participação do PSB e PC do B no governo, além de cargos de terceiro escalão para nanicos, sinalizam um projeto frondoso apontado para mais uma temporada no sétimo andar do palácio Alencastro– ou Dante de Oliveira, como se queira.
E quais as chances do prefeito em relação a mais quatro anos à frente do município?
Apesar da ofensiva ofegante e implacável do grupo de comunicação de Mato Grosso, cujo proprietário é pré-candidato pelo único partido parece realmente de oposição a Galindo, associado ao PT e ao PPS, o prefeito parece ter lido e assimilado os escritos de iWilliam Shakespeare Sheakespeare, um deles, em tom desafiante, avisa: “primeiro me matem, depois enterrem os ossos”. Decidido, imprime um ritmo forte de ações, muitas das quais prometidas e nunca levadas a termo.
Um pelotão de apresentadores ou editores, infatigáveis e persistentes como moscas no bolo, criticam, todo tempo, desde a falta de uma drágea de mebendazol na policlínica até o furioso temporal enviado pelo Todo Poderoso. É um proselitismo que rufa azucrinante, terror para os mais esclarecidos, mas arroubo para a ralé cativa, ufanista e infame. Não é de desconhecimento público que as críticas e o desejo de se desoprimir contra a herança deixada pelo ex-prefeito Wilson Santos, por parte da população, têm sido transferidas para Francisco Galindo, ora porque ele remete à continuação do mandato de Wilson, ora porque um bem arquitetado plano de mídia, tal qual a teoria de goebbels, em que o aleive se sedimenta em pétrea veracidade, tem o fito de lhe impor a responsabilidade por mazelas urbanas de décadas e décadas.
Não se deve deixar de mensurar o peso de nomes já postos como Mauro Mendes, Dorileo Leal ou Lúdio Cabral num embate até outubro e suas chances de baterem o atual prefeito, mas há de se convir que são raros, aliás, raríssimos, os casos de gestores que buscaram e não conseguiram o mandato consecutivo. O que implica que a reeleição foi feita para ganhar e Galindo, com a faca e o queijo, não obstante pesquisas de cirrus, sabe bem disso.
A sua principal tarefa, enquanto dá poucos ouvidos à oposição, parece querer mostrar e convencer que nada tem a ver com um mandato recém acabado e que a gestão agora é outra, até porque, histórica e simplesmente, vice é só vice e urubu é aquele ‘’bicho’ que voa. Vai e continuará a apanhar bastante, mas se mantiver o ritmo e o estilo, pode conseguir convencer. Se chegar a esse intento, estará a cavaleiro para se fazer valer de outra lição sheakespeareana: “meu corpo e membros estão em frangalhos, mas minha cabeça está em ordem”.
*Jorge Maciel é jornalista em Cuiabá.
A redação do RepórterMT não se responsabiliza pelos artigos e conceitos assinados, aos quais representam a opinião pessoal do autor.