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Cuiabá, 26 de Dezembro de 2024
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17 de Novembro de 2013, 15h:43 - A | A

OPINIÃO / LOGÍSTICA

Rever velhas ideias

Discutir logística precisa deixar de ser uma questão emocional

ONOFRE RIBEIRO



O tema mais discutido hoje em Mato Grosso é a logística. Pela logística discutida, entendam-se os meios de transporte e escoamento existentes no estado. É um caos. Alguns dados são necessários pra ilustrar. Em 1994, o agronegócio produziu a sua primeira grande safra no estado: 2 milhões e meio de toneladas de grãos. Em 2013, 19 anos depois, produziu 38 milhões. E as rodovias são as mesmas. A ferrovia chegou a Rondonópolis mas é insuficiente. A discussão de novas ferrovias é sempre um assunto político e por isso não avança porque se mistura com interesses eleitorais. O tema das hidrovias foi vítima de xiitismo do Ministério Público Federal nos anos 1990 e 2000 e morreu.

Outro dado relevante. Levantamentos mostram que em 2022, daqui a oito anos, o estado produzirá 68 milhões de toneladas de grãos, 76% mais do que em 2013. Se hoje a logística é um caos, imagine no futuro. Nesse prazo, considerando a incompetência da gestão pública brasileira, os temas ferrovia, novas rodovias e hidrovias não andarão na velocidade capaz de evitar um apagão logístico no estado.

Porém, o assunto logística é mais abrangente do que isso. Hoje, Mato Grosso exporta a quase totalidade de sua produção de grãos e de carne sem beneficiamento industrial. É inútil esperar que se resolva em oito anos todo esse estrangulamento de logística. Então, teremos que repensar os sistemas de produção e, paralelamente aos esforços de ampliar a logística, construir em Mato Grosso uma política gigantesca de agroindustrialização, para que os caminhões transportem carne processada, que tem muito maior valor agregado e melhor eficiência econômica. Isso vai exigir que se reveja todo o processo da economia estadual. Exemplo: em vez de soja e milho em grãos que vão se industrializados no hemisfério norte, isso se faça aqui. Melhorará a qualidade dos empregos, do perfil produtivo, com melhor atração de investimentos e avanços da economia.

Discutir logística precisa deixar de ser uma questão emocional ou de discursos políticos, para se focar nas mudanças que a economia pode sofrer. E, depois, se transportar apenas produtos industrializados em muito menor volume e com valor agregado muito mais alto. Isto, sim, vai gerar riquezas. As discussões atuais sobre logística são vergonhosas e não vão além do famigerado discurso político, sempre de olho nas eleições do ano seguinte. Salvo alguma honrosa exceção. Voltarei ao assunto.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso






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