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Cuiabá, 30 de Dezembro de 2024
30 de Dezembro de 2024

23 de Maio de 2014, 08h:51 - A | A

OPINIÃO /

Sociedade dos sonhos

Operação da PF abre debate sobre controle e proteção do erário

VICENTE VUOLO



O Brasil assistiu estarrecido esta semana pela televisão, jornais, sites e blogs, as investigações da Operação Ararath, em Mato Grosso. 

As apreensões passaram pelo gabinete do prefeito municipal, pelo Executivo Estadual, Tribunal de Contas do Estado e Assembleia Legislativa. 

Há dois anos, foi a Operação Monte Carlo (Goiás) e há quatro anos o caso emblemático do Executivo, Legislativo e até o Judiciário do Espírito Santo. 

São cenas que se repetem pela necessidade neurótica de poder e de estar em evidência social a qualquer custo. 

Para onde caminha a sociedade? O poder transforma as pessoas? 

Na verdade, o que as operações revelaram na forma de fortes indícios de corrupção é suficiente para a abertura de sério debate na sociedade sobre os instrumentos de controle e proteção do erário. 

De nada adianta aprimorar leis e aumentar penas se o enredo das histórias continuar a ter a impunidade como capítulo final. 

O poder não transforma as pessoas, ele somente revela quem elas verdadeiramente são. O político precisa ganhar respeito não apenas pela vida austera, mas por apoiar políticas sociais arrojadas. 

Uma sociedade em que a educação se torne o centro das atenções sociais, em que o medo em votar em alguém dê lugar à confiabilidade. 

Uma sociedade em que o consumismo seja transformado em sede de conhecimento, em que cada pessoa respeite sua cultura, crenças políticas e religiosas. Um mundo que aprenda a pensar como agrupamento de indivíduos de forma globalizada e, como tal, se torne assim, um ser humano sem fronteira. 

Uma sociedade em que finalmente o homem faça as pazes com a natureza e se coloque como seu hóspede, e não como seu proprietário. 

De acordo como muitos sociólogos humanistas, a sociedade dos sonhos é a certeza de que a sociedade de consumo está num processo de falência. É preciso "transformar consciências", como dizia o visionário e íntegro Coronel Meirelles. 

Somente a educação que arremessa os alunos para dentro de si mesmos pode transformar o ser humano e nos levar a pensar dentro de uma visão holística, e não somente como indivíduos ou como grupos egoístas. 

Enquanto os europeus pensarem como europeus, chineses como chineses, e americanos pensarem "para" e "nos" limites do seu território, não haverá caminho para uma sociedade fraterna, honesta, com a capacidade de ser fiel à própria consciência. 

Ou seja, educação, educação e doses maiores de educação para se construir a sociedade dos sonhos, fraterna, livre, pautada no diálogo e pelo respeito aos direitos humanos, em que jovens, homens e mulheres sejam educados a ter consciência crítica, a ser generosos, solidários, altruístas, e aprender a expor, e não impor, suas ideias, crenças e princípios. 

Uma sociedade dos sonhos onde todas as escolas do mundo moderno tenham uma disciplina que ensinasse os alunos a ser e se sentirem como seres humanos sem fronteiras, a pensar como família humana. 

Nosso mestre Paulo Freire nos ensinou uma vez; "Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda". ...precisamos caminhar com consciência ética para uma nova sociedade, um mundo onde valores e princípios sejam os fundamentos do cotidiano. 

 

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