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Cuiabá, 28 de Dezembro de 2024
28 de Dezembro de 2024

27 de Dezembro de 2024, 08h:35 - A | A

OPINIÃO / JOSÉ FIGUEIREDO JUNIOR

DEMÊNCIA: Eliminar fatores de riscos pode prevenir doença

JOSÉ FIGUEIREDO JUNIOR



Perda gradual e progressiva da memória, confusão mental, incapacidade de pensar, lembrar e tomar decisões, alterações comportamentais e apatia, esses são alguns dos sintomas com que convivem cerca de 2 milhões de brasileiros portadores de demência. Os números constam no Relatório Nacional sobre a Demência divulgado pelo Ministério da Saúde, em setembro de 2024.

Mas o que é a Demência? A demência é uma síndrome caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que causam prejuízos a domínios cognitivos, como a memória, o julgamento do que é certo ou errado, o comportamento, a escrita, a linguagem, a orientação espacial e temporal, o pensamento abstrato, o reconhecimento visual dos objetos, a função executiva e o planejamento de ações. E quando há prejuízo de pelo menos duas dessas funções cognitivas são afetadas as atividades diárias do paciente, o que podemos chamar de síndrome demencial ou demência. Um dos principais domínios atingidos é a memória.

A demência é uma condição crônica e progressiva, ou seja, que evolui com o tempo e não tem cura, apesar de haver tratamento.

O relatório do Ministério da Saúde ressalta que atualmente a síndrome atinge em torno de 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais. E projeta que 100 mil novos casos sejam diagnosticados por ano. Contudo, esse número pode superar mais de 5 milhões de casos no Brasil, até 2050. Um acréscimo de 17,56%.

Em geral, é mais comum diagnosticar demência em idosos, mas ela também pode ocorrer em pessoas mais jovens. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 9% dos casos tiveram início precoce, antes dos 60 anos.

Temos visto casos de demência em pacientes mais jovens, isso porque as doenças degenerativas estão afetando cada vez mais pessoas com menos de 60 anos, mas para fechar o diagnóstico é importante efetuar todos os exames, desse modo é possível descartar outras doenças e definir as causas da demência.

O diagnóstico da síndrome demencial é eminentemente clínico, baseado em exames laboratoriais, neurológicos, exames funcionais do crânio, na história clínica do paciente e na avaliação neuropsicológica por meio de testes cognitivos.

Conforme a OMS a doença se tornou uma crise de saúde global, já que 55 milhões de pessoas têm demência em todo o planeta. Desse total, mais de 60% dos casos se concentram em países em desenvolvimento.

Tipos mais comuns de Demência

Doença de Alzheimer - É o tipo mais conhecido e comum de demência. Estudos apontam que ocorra por um desequilíbrio na formação de proteínas. O que prejudica os neurônios, leva à degeneração e morte dessas células, provocando a perda gradual das funções cognitivas, entre outras limitações.

Demência vascular - É causada por problemas na circulação sanguínea do cérebro. Quando uma região do cérebro não recebe irrigação sanguínea adequada e acaba morrendo. Pode surgir após um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os sintomas variam dependendo da área do cérebro afetada pela falta de oxigênio e incluem problemas cognitivos.

Demência frontotemporal - Ocorre quadro é afetada a parte frontal do cérebro. Os sintomas variam conforme a região atingida, prejudica muito a interação do portador com outras pessoas. Este tipo de demência provoca mudanças de personalidade, perda de inibição social, dificuldades na linguagem e alterações na capacidade de empatia.

Demência de corpos de Lewy - Também é associada à formação de proteínas no sistema nervoso. Os sintomas mais comuns são rigidez muscular, alterações no sono e humor, alucinações e tremores.

Doença de Parkinson ou Mal de Parkinson - Embora seja conhecida principalmente por seus sintomas motores, a doença de Parkinson também pode levar a problemas cognitivos e demência. Em geral, a demência se manifesta em estágios avançados da doença de Parkinson e pode incluir problemas de memória, dificuldade de concentração e alterações de humor.

AVANÇOS - O relatório enfatiza que aproximadamente 48% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou retardados, com a eliminação de fatores de risco como: a baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, depressão, inatividade física e isolamento social. Medidas essas que ajudam na queda da incidência das demências, conforme estudos.

Atualmente não há nenhum tratamento capaz de reverter completamente o quadro de demência, mas quando diagnosticada precocemente é possível retardar a evolução da doença. Além do tratamento medicamentoso, existem algumas atividades que podem trazer benefícios para o paciente, como musicoterapia, psicoterapia, terapia ocupacional, fisioterapia e atividades físicas leves.

Por fim, hábitos saudáveis e cuidados preventivos com a saúde ao longo da vida também impactam positivamente na prevenção e melhora de qualidade de vida dos portadores de demência.

*José Alexandre Borges Figueiredo Junior é médico neurologista, membro da Academia Brasileira de Neurologia e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Atende a pacientes de Neurologia do Hospital São Mateus, em Cuiabá.

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