DIEGO RAMOS CORREA
Objetivo deste texto é abordar uma das disciplinas mais antigas e fundamentais para a economia global. A contabilidade tem raízes profundas que remontam a mais de 4.000 anos a.C., com os fenícios, conhecidos por suas contribuições comerciais e marítimas e pela invenção do primeiro alfabeto. Eles também praticavam formas primitivas de contabilidade, como o controle de transações de troca. Avançando para 3.000 a.C., os egípcios introduziram o conceito de tributação e controle de produção, enquanto a Babilônia desenvolveu o primeiro sistema de contabilidade pública.
O valor da contabilidade é também evidenciado em textos históricos, como o Livro de Jó na Bíblia, que descreve detalhadamente a vasta riqueza de Jó, incluindo rebanhos e servos, ilustrando a importância de registros precisos e inventários. No contexto medieval, a criação da ordem dos Cavaleiros Templários em 1118 d.C. marcou o início de um sistema bancário rudimentar e a invenção dos primeiros cheques.
A era moderna trouxe revoluções significativas, começando com Luca Pacioli e seu sistema de contabilidade por partidas dobradas em 1494. Sua obra, Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita, estabeleceu as bases para a contabilidade moderna. No século XVII, Isaac Newton formulou sua Terceira Lei, que pode ser paralelamente aplicada à contabilidade: “para cada ação (força) na natureza, há uma reação igual e oposta,” refletindo o princípio de que cada valor positivo deve ser equilibrado por um valor negativo correspondente.
Hoje, a contabilidade é reconhecida como uma ciência social e não apenas uma matemática exata. Ela envolve conceitos fundamentais como as entradas no diário, contas correntes, balanços patrimoniais, e demonstrações de resultados. Os princípios contábeis são a base para a prática contábil e garantem a consistência e a integridade das informações financeiras. Entre os principais princípios, destacam-se:
Princípio da Entidade Econômica: Este princípio determina que as atividades financeiras da empresa devem ser separadas das finanças pessoais dos proprietários ou de outras entidades. Essa separação é crucial para a clareza e a precisão das informações contábeis.
Princípio da Continuidade: Assumimos que a empresa continuará suas operações no futuro previsível. Isso afeta a forma como os ativos e passivos são registrados e avaliados, refletindo uma perspectiva de longo prazo para a estabilidade da entidade.
Princípio da Oportunidade: Estabelece que as transações devem ser registradas quando ocorrem, e não quando o pagamento é efetivamente realizado. Esse princípio garante que as informações financeiras sejam refletidas de maneira oportuna e relevante.
Princípio do Registro pelo Valor Original: Os ativos devem ser registrados pelo valor original da transação. Isso assegura que os registros financeiros sejam baseados em valores concretos e verificáveis, evitando a subjetividade.
Princípio da Competência: Este princípio exige que as receitas e despesas sejam reconhecidas no período em que ocorrem, independentemente de quando o pagamento é recebido ou efetuado. Isso proporciona uma visão mais precisa da performance financeira da empresa.
Princípio da Prudência: Recomenda que os ativos sejam registrados pelo menor valor possível e os passivos pelo maior valor esperado. Esse princípio evita a superavaliação dos ativos e a subavaliação dos passivos, promovendo uma abordagem conservadora.
Os principais componentes das demonstrações contábeis são os ativos, passivos e patrimônio líquido — desempenham papéis cruciais na gestão e na avaliação de qualquer entidade. Além disso, as contas redutoras ajudam a ajustar os saldos de acordo com a realidade financeira.
Portanto, a contabilidade é mais do que uma prática técnica; ela é a espinha dorsal da transparência e da eficiência econômica. No Brasil, como no resto do mundo, a contabilidade não apenas possibilita uma visão clara da saúde financeira de empresas e governos, mas também contribui para a confiança dos investidores, a estabilidade econômica e o desenvolvimento social. Através de registros precisos e princípios sólidos, a contabilidade desempenha um papel vital na construção de um futuro sustentável e próspero para todos.
Diego Ramos Correa, Contador Cuiabano e Especialista em Tributação Brasil e EUA, Notário Público na Flórida e CAA IRS.