CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
O juiz Marcos Faleiros, da Vara Especializada da Justiça Militar, usou as redes sociais, nesta terça-feira (25), para criticar o posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Mato Grosso (OAB-MT) - contra o fechamento do Judiciário, adotado em razão do aumento de casos de covid-19. Ele chegou a chamar a presidente da OAB, Gisela Cardoso, de negacionista.
A publicação de Faleiros mencionava uma entrevista da advogada, na qual Gisela afirmava que "o Judiciário foi o único Poder, que, na pandemia, praticamente não abriu as portas".
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"No final do ano, houve um período de retomada. Chegou a abrir parcialmente e agora, depois das férias, abriu as portas em um dia e fechou no outro dia. Nós entendemos como preocupante. A primeira medida tomada foi o fechamento, a mais drástica, e nós temos outras formas de prevenção. A abertura das portas, a sensação de que a Justiça está pronta, já tem um significado muito forte para sociedade", colocou Gisela na ocasião.
Entretanto, Faleiros rebateu ponderando que, mesmo de portas fechadas, o Judiciário não deixou de trabalhar. Ele afirmou que, mesmo no final de semana, fez sessões e audiências, e ponderou que as comarcas que apresentam dificuldade para o teletrabalho são as mesmas que já têm deficiência de atendimento fora da pandemia.
"Fiz audiências e sessões sábado, domingo, segunda e hoje as farei. Esse posicionamento negacionista da @giselaacardoso e da @oabmatogrosso e da @abracrimmt_oficial é falso", escreveu o magistrado, que defendeu que a Corregedoria-Geral de Justiça trate as unidades que apresentam dificuldades de forma isolada.
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“Magistrados e servidores sérios nunca desrespeitaram ninguém, porém estamos sendo desrespeitados”, finalizou.
Repercussão
Na publicação do juiz, diversos advogados manifestaram opiniões. Enquanto alguns afirmaram concordar com o magistrado, outros pontuaram que nem todos os juízes agem de forma prestativa e transparente como Faleiros.
"[...] Eu pessoalmente já tive atendimento negado inúmeras vezes. Tentei audiências com magistrados e, diferente do sr, vários não me retornaram. As vezes (e não são poucas) a vara disponibiliza um único meio de comunicação e essa única forma do advogado entrar em contato não dá retorno", explicou um dos seguidores.
Outra advogada comentou: "Enquanto profissional vou concordar com o post. De fato as varas criminais estão sempre dispostas a atender, respondem e-mail e os efeitos do fechamento quase não são sentidos. Porém nas varas cíveis e de família o caos se instala. Eu esperei quase um ano por um alvará de levantamento de valores, e ainda foi realizado de forma equivocada, sendo necessário a complementação. Agora aguardo a complementação, não sei quanto tempo".
Fechamento do Judiciário
A publicação de Faleiros ocorreu um dia depois que Gisela Cardoso fez uma reunião institucional com a presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), desembargadora Maria Helena Póvoas. Na ocasião, a advogada ratificou o pedido de reabertura do Judiciário.
Por conta do aumento de casos de covid-19 e influenza em Mato Grosso, no dia 10 de janeiro o TJMT determinou o fechamento das portas do Palácio da Justiça e dos fóruns. A medida começou a valer no dia 11 e seguiria até 20 de janeiro. Contudo, o prazo foi prorrogado para 31 de janeiro. Uma nova prorrogação vai ser avaliada.
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