DO REPÓRTERMT
A vereadora cassada Edna Sampaio (PT) formalizou, nesta terça-feira (17), a desistência da candidatura à Câmara Municipal de Cuiabá. Contudo, o modo como isso foi feito chamou a atenção e levantou a hipótese de que a candidata esteja tentando escapar da inelegibilidade declarada pela Justiça Eleitoral para continuar atuando no Legislativo municipal, sob a justificativa de “mandato coletivo”.
Trata-se de uma possibilidade nova nas eleições brasileiras, que existe desde o pleito de 2022. Na prática, é um grupo de pessoas se reúne e, em caso de eleição, podem tomar decisões e se posicionar após consenso entre os integrantes. Oficialmente, apenas o titular da candidatura recebe o salário e tem direito à voz na Câmara municipal.
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No caso de Edna, ela era a titular da candidatura coletiva e seria a representante do grupo, que ainda é formado pela estudante universitária Daiely Cristina Gomes de Oliveira e pela jornalista Neusa Baptista. O que chama a atenção é que o nome de urna não mudou, apesar da troca das titulares.
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Apesar da foto de Daiely substituir a de Edna na urna, o nome que vai aparecer para o eleitor é “EDNA SAMPAIO 3PRETAS DAY NEUSA”. Além de poder confundir o eleitor, que pode votar em uma pessoa acreditando que é outra, a medida pode dar a entender que Edna está por trás da candidatura, como uma figura “indemitível” e que continuaria a ter influência no Legislativo municipal.
Após a publicação do edital, ocorrida hoje, abre-se o prazo de cinco dias para que outros candidatos, partidos, coligações, federações e o Ministério Público Eleitoral se manifestem sobre a substituição.
Edna Sampaio desistiu de forçar uma candidatura sub judice depois de ter todos os seus recursos negados pela Justiça Eleitoral, inclusive pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). Se fosse adiante, o PT poderia ser prejudicado, já que a anulação dos votos de Edna afetaria a quociente eleitoral e poderia tirar do partido a única cadeira que tradicionalmente possui no Legislativo municipal.
Edna Sampaio foi cassada depois que vieram à tona acusações de que ela obrigava a ex-chefe de gabinete, Laura Abreu, a devolver parte dos seus vencimentos referentes à verba indenizatória para uma conta gerida pela vereadora.
As mensagens mostraram que o marido de Edna agia como “cobrador”, lembrando Laura de fazer as transferências. Meses depois, a vereadora demitiria a chefe de gabinete. Segundo Laura, Edna acreditava que a gestação iria atrapalhar a sua atuação profissional.