Nadaf fazia empréstimos a dono do Buffet Leila Malouf para 'lavar dinheiro'

RepórterMT

O dinheiro, segundo Pedro Nadaf, saiu da desapropriação superfaturada de um terreno no bairro Jardim Liberdade

RAFAEL DE SOUSA
DA REPORTAGEM

O ex-secretário chefe da Casa Civil Pedro Nadaf confirmou em depoimento à juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, na tarde desta terça-feira (4), que emprestou R$ 2,1 milhões ao dono do Buffet Leila Malouf, o empresário Allan Malouf, proveniente da propina recebida da desapropriação de um terreno no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, e venda de uma área na região do Manso, como forma de lavar o dinheiro.

Nadaf disse que os R$ 600 mil foram entregues pelo ex-secretário de Infraestrutura (Sinfra), Arnaldo Alves, já que este tinha laços de amizade com o dono do buffet por jogarem no Tênis Clube.

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“Eu ofereci o empréstimo para Allan Malouf a juros como forma de lavar o dinheiro. Eu vi o Arnaldo entregar parte do dinheiro”, afirmou.

Após o empréstimo, Nadaf disse que solicitou ao empresário que fosse oficializado um contrato entre a NC Consultoria [empresa do ex-secretário] e o Buffet Leila Malouf para que sua empresa de fachada pudesse ter lastro financeiro. Neste mesmo período, repassou mais R$ 1,5 milhão com o objetivo de lavar mais dinheiro. “Este valor ainda está com o Alan”, disse.

Repasses escusos

No início de seu depoimento, Nadaf tamém confirmou que destinou o total de R$ 400 mil para o Buffet Leila Malouf e para o jornalista Antônio Carlos Millas (do Jornal Centro Oeste Popular), por ordem do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

O dinheiro, segundo Nadaf, saiu da desapropriação superfaturada de um terreno no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, no valor de R$ 31 milhões – no qual R$ 15 milhões retornaram ao grupo criminoso do ex-governador. “R$ 10 milhões eu repassei para o empresário [Valdir Piran] para quitar uma dívida do ex-governador. (...) Sobrou R$ 4 milhões e, desse valor, repassei R$ 200 mil ao Buffet Leila Malouf e outros R$ 200 mil ao jornalista Milas [R$ 200 mil]”, contou Nadaf.

Em depoimento, Nadaf disse que o montante repassado ao buffet seria para quitar o evento da posse do ex-governador,em 2010. Quanto a Milas, ele disse que apenas mandou pagar. O jornalista é acusado de extorsão e já está sendo investigado em outro processo.

Os valores foram repassados por meio da factoring de Filinto Muller. Inclusive, o ex-secretário afirma que após efetuar o pagamento ao jornalista foi questionado sobre a procedência dos cheques que eram de uma empresa ‘ficha suja’, que mantinha contrato com o Governo do Estado. “O jornalista disse que ia denunciar o cheque que recebeu por meio da factoring e eu chamei o Filinto para resolver. Depois ele [ o Filinto] me contou que teve que pagar R$ 300 mil para o Milas não denunciar”, destacou.