RENAN MARCEL
DO REPÓRTER MT
A Operação Hades, que investiga uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, apreendeu 40 carros de luxo, jet ski, aeronave, armas, relógios e joias, além de um R$ 1 milhão. Também foram apreendidos 110 kg de drogas - veja a lista abaixo. A ação policial foi deflagrada nesta quinta-feira (1º).
Ao todo, 54 pessoas foram presas, sendo uma delas, o empresário de Cuiabá José Clóvis Pezzin de Almeida, também conhecido como Marllon. Na residência dele foram apreendidos dinheiro, computadores, celulares e documentos que fornecerão subsídios para a investigação em andamento em Alagoas.
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Nas investigações, foram verificadas movimentações financeiras de mais de R$ 300 milhões de reais em contas bancárias dos envolvidos. Muitos dos membros das duas organizações criminosas investigadas ostentavam um elevado padrão de vida, com viagens, também utilizavam veículos e outros bens de luxo, além de possuírem residências e apartamentos em condomínios de alto padrão.
As apurações da polícia começaram em março de 2021. Nesta quinta-feira, foram cumpridos 307 mandados de prisão e busca e apreensão em 17 estados.
Em Mato Grosso, além de Marllon há outros dois alvos de ordem de prisão. Eles não foram localizados por estarem fora do Brasil e são considerados foragidos da Justiça.
Marllon teve a prisão mantida, nesta quinta-feira (1º), pelo juiz Jean Garcia de Freitas, que solicitou também a transferência do empresário para Alagoas.
Ficha suja
José Clóvis Pezzin também está envolvido em um acidente de trânsito que deixou Gabriel de Paula Parabas Feitosa em coma cerca de 10 dias. Pezzin dirigia um Porsche 911 quando bateu contra o Volkswagen Fox, conduzido pela vítima. O caso foi registrado em 17 de janeiro deste ano, na MT-010, mais conhecida como Estrada da Guia.
Testemunhas disseram à polícia que o Porsche conduzido por Pezzin disputava um racha com outro veículo da mesma marca, ambos em alta velocidade na Estrada da Guia. José Clóvis chegou a registrar um boletim de ocorrência para acionar o seguro do veículo. No registro, ele alegou que o Fox invadiu a pista, sem sinalizar a ação, ocasionando a batida.
Gabriel de Paula segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).
Veja o balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL):
- 40 veículos de luxo
- 5 armas de grosso calibre
- relógios e joias
- smartphones, notebooks, tablets e outros aparelhos eletrônicos
- um cofre
- milhares em cédulas de reais e pesos colombianos
- uma embarcação e uma moto aquática
- mais de 110 kg de drogas
- uma aeronave
Mandados
Ao todo, foi determinado o cumprimento de 79 mandados de prisão e 228 de busca e apreensão nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Veja detalhado:
Alagoas – 27 mandados, sendo sete de prisão e 20 de busca e apreensão;
Amazonas – 29 mandados, sendo três de prisão e 26 de busca e apreensão;
Bahia – dois mandados de busca e apreensão;
Ceará – 11 mandados, sendo três de prisão e oito de busca e apreensão;
Goiás – 10 mandados de busca e apreensão;
Mato Grosso – 13 mandados, sendo três de prisão e 10 de busca e apreensão;
Mato Grosso do Sul – 61 mandados, sendo 19 de prisão e 42 de busca e apreensão;
Minas Gerais – cinco mandados, sendo um de prisão e quatro de busca e apreensão;
Pará – 40 mandados, sendo 14 de prisão e 26 de busca e apreensão;
Paraná – um mandado de prisão;
Pernambuco – três mandados, sendo dois de prisão e um de busca e apreensão;
Piauí – dois mandados, sendo um de prisão e um de busca e apreensão;
Rio de Janeiro – 11 mandados, sendo quatro de prisão e sete de busca e apreensão;
Rio Grande do Norte – um mandado de busca e apreensão;
Roraima – 04 mandados, sendo um de prisão e dois de busca e apreensão;
Santa Catarina – quatro mandados, sendo um de prisão e três de busca e apreensão;
São Paulo – 84 mandados, sendo 19 de prisão e 65 de busca e apreensão.
Como o esquema funcionava
As investigações identificaram dois casais, um deles alagoano e outro paraense, que eram responsáveis pelo tráfico de drogas em larga escala no estado de Alagoas. A partir disso, o trabalho conseguiu identificar ramificações nos 17 estados alvos da operação.
À medida que houve progresso nas investigações, foi possível identificar também os criminosos que atuavam na origem do tráfico como fornecedores e as pessoas que como atuavam como fornecedores de drogas para os líderes das duas organizações criminosas investigadas.
Segundo a investigação, os dois casais fazem parte da cúpula de duas grandes organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro e no estado do Pará.
A organização criminosa que era liderada por um alagoano atuava principalmente em Maceió, no bairro da Levada e adjacências. Porém, ele também realizava a distribuição de drogas para outros municípios de Alagoas onde há predominância da facção criminosa que o indivíduo integra.
Também ficou constatado ao longo da investigação que os fornecedores dessa droga que abastecia o mercado alagoano eram do estado de São Paulo. Eles recebiam as drogas do Mato Grosso do Sul, estado que faz fronteira com Paraguai e Bolívia, que são grandes produtores de drogas.