KARINE ARRUDA
DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT
O promotor Adriano Roberto Alves, chefe do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável pela Operação Acqua Ilícita, deflagrada na quinta-feira (20), contou que os bandidos acusados de extorquir comerciantes em Cuiabá, Várzea Grande, Nobres e Sinop, obrigavam os vendedores a mostrar as notas referentes às vendas dos galões de água para calcular a taxa cobrada pela facção.
“Eles chegavam ao ponto de ameaçar os comerciantes e obrigarem a mostrar a nota de aquisição das águas para que, em cima da nota de aquisição, eles cobrarem os valores totais das taxas”, explicou.
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Os três alvos identificados na operação, sendo que dois morreram em confronto com a polícia em Cuiabá e um está foragido no Rio de Janeiro, são acusados de integrarem uma facção responsável pela comercialização clandestina de galões de água. Segundo as investigações do Gaeco, o trio obrigava os comerciantes a só comprarem galões de água da facção. Além disso, eles também extorquiam os vendedores para que pagassem uma taxa pela venda da água, sob ameaça de retaliação.
O esquema era liderado pelo pastor Ulisses Batista, da Igreja Pentecostal Assembleia de Deus no Coração de Deus, localizada no Pedra 90, em Cuiabá. Por enquanto, ele está foragido no Rio de Janeiro. Além de Ulisses, o grupo criminoso também contava com Gilmar Machado da Costa e Fabio Junior Batista Pires, vulgo Farrame, considerado "homem de confiança" de Sandro Louco, líder de uma facção em Mato Grosso. Tanto Gilmar quanto Fabio morreram em confronto.
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O bando é acusado pelos crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Todos os integrantes do grupo, a contar pelo líder pastor Ulisses, possuem extensa ficha criminal com envolvimento em crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e até homicídio.
Ao todo, o Gaeco expediu 60 ordens judiciais de busca e apreensão, 12 mandados de prisão e sequestro de bens e valores ilícitos, incluindo 33 veículos.
Esquema
A princípio, o grupo criminoso cobrava R$ 1 por galão de água vendido, cobrança essa que era repassada aos consumidores. Segundo as investigações, a taxa seria reajustada neste ano, indo para R$ 2 ou R$ 2,50 cada galão.
“Eles tinham um projeto de dominar toda a distribuição de água. Então, inicialmente, eles cobravam R$ 1 e eles teriam um preço final para vender cada galão. Depois, os valores seriam passados, neste ano de 2025, para R$ 2 ou R$ 2,50 por galão vendido”, contou o chefe do Gaeco.
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Operações
A Operação Acqua Ilícita foi deflagrada simultaneamente com a Operação Falso Profeta, comandada pela Polícia Civil, por meio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco). A ação da PJC tem o objetivo de desmantelar o esquema de comercialização ilegal de água em Cuiabá e Várzea Grande. Já a do MP incluía essa e as demais cidades.
O principal alvo de ambas as operações é o pastor Ulisses Batista.
Veja vídeo: