APARECIDO CARMO
DO REPÓRTER MT
Dalva Vaz da Silva e seu amante, Odair José do Prado, foram condenados pelo homicídio qualificado e ocultação de cadáver de Roberto Francisco da Silva, 61 anos. O Tribunal do Júri foi realizado na comarca de Itiquira (357 km de Cuiabá) e teve quase 18 horas de sessão. Composto exclusivamente por mulheres, o corpo de juradas acolheu todas as teses apresentadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT). O julgamento foi presidido pela juíza Fernanda Mayumi Kobayashi.
De acordo com a denúncia do MP, em junho de 2019, Odair José tentou matar Roberto Francisco com disparos de arma de fogo, mas os tiros atingiram Roberto de forma superficial. Na data do episódio, a vítima estava sozinha na residência enquanto a esposa estava em Rondonópolis. Dias depois, em julho de 2019, no mesmo local, Odair e Dalva consumaram o crime “com um violento golpe de machado pelas costas e um golpe de faca no pescoço”.
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“Enquanto a denunciada distraía a vítima, o denunciado aguardava em um dos cômodos da residência o melhor momento para atacar o ofendido”, diz a denúncia. Segundo revelado pela investigação, os amantes queriam assumir o relacionamento e se apossar dos bens da vítima. Assim, após o fracasso da primeira tentativa de homicídio, se uniram para acabar com a vida de Roberto.
Após o crime, a dupla enrolou o corpo da vítima em uma coberta, no dia seguinte, levaram até uma região de mata onde jogaram gasolina e atearam fogo no cadáver. Dias depois, Odair transportou os restos mortais da vítima para outro local, ateou fogo nas partes que restaram e enterrou as cinzas nas redondezas.
Conforme a sentença, Odair José foi condenado a 25 anos e quatro meses de prisão e 20 dias-multa pelo homicídio tentado, homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver de Roberto Francisco. Dalva recebeu a pena de 17 anos de prisão e 10 dias-multa pelo homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os dois deverão cumprir a pena em regime inicial fechado e não poderão recorrer da sentença em liberdade.
"Trata-se de um caso de muita repercussão na comarca e o resultado do julgamento representou uma importante resposta do Sistema de Justiça para a comunidade itiquirense. A Polícia Judiciária Civil realizou um grande trabalho de investigação, o julgamento contou com a condução equilibrada dos trabalhos pela competente magistrada, atuação incisiva da defesa, composta de três advogados, e, principalmente, a dedicação de sete juradas, a quem agradeço pela confiança no trabalho do Ministério Público e pelo sacrifício pessoal envolvido em acompanhar um julgamento por quase 18 horas, prestando esse serviço relevante e essencial à Justiça", pontuou o promotor de Justiça Claudio Angelo Correa Gonzaga, que atuou no caso.
Na época em que Roberto ainda era dado como desaparecido, Dalva chegou a dar entrevistas fingindo que o marido teria ido embora sem aviso prévio, para encontrar com a família na Bahia. Assista a reportagem da TV Itiquira, naquela época. O corpo foi encontrado quatro meses depois.