RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
A Coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher em Mato Grosso, defensora pública Rosana Leite Antunes de Barros acusa o juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, de abuso de autoridade e machismo, após ter sido expulsa durante o depoimento de uma vítima que tinha sido estuprada pelo próprio pai.
A situação aconteceu na tarde da última sexta-feira (12), no Fórum de Cuiabá.
Em entrevista na tarde desta segunda-feira (15), Rosana Leite contou que foi procurada por uma jovem de 18 anos, que tinha sido estuprada pelo próprio pai na cidade de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), quando ainda era menor. A vítima pediu para que a defensora a acompanhasse em um depoimento sobre o caso, que aconteceria em Cuiabá, cidade onde mora atualmente. A escolha de Rosana seria justamente pela sua forte atuação no combate aos crimes praticados contra mulheres.
Porém, a defensora foi impedida de acompanhar a vítima.
“Ele [juiz] disse que eu não deveria estar naquele lugar, pois não havia necessidade da minha presença. Insisti e expliquei sobre o artigo 27 e 28 da Lei Maria da Penha, onde a vítima tem direito de estar com a defensora que escolheu para acompanhar o depoimento. Ele [juiz] me falou que a única forma em que me aceitaria naquela Vara seria para defender o agressor”, afirmou Rosana.
Abalada com a situação, a defensora disse que em outros momentos ouviu termos do juiz como: “Eu não te conheço. Aqui você não defende mulher. Não vamos machucar a sua vítima”.
“Eu saí muito triste e tenho na defesa da mulher como um dos parâmetros da minha vida. Justamente em razão de tantas violências que vejo as mulheres passarem. Infelizmente nesta data, esta defensora pública aqui também foi vítima de machismo, em razão de naquele lugar só caber a defesa para o réu e não para vítima, mesmo a Lei Maria da Penha dizendo o contrário”, conta Rosana, abalada.
Medidas
A defensoria Pública afirmou que irá tomar as medidas necessárias em relação ao caso. Que os fatos serão levados à Corregedoria Geral de Justiça e aos setores competentes.
Também será pedido a anulação do depoimento da vítima, pelo fato dela ter se sentido abalada e desamparada na data dos fatos.
Outro lado
O entrou em contato com o Poder Judiciário, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Julio 15/07/2019
Coisa feia heim Exmo.
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