DA REDAÇÃO 17h23
Faltam apenas seis dias para realização do Júri Popular de quatro dos 18 acusados de cometerem a 'Chacina de Matupá', um dos crimes mais bárbaros ocorridos em Mato Grosso. Mesmo já tendo se passado 21 anos, os requintes de crueldade, violência e barbárie utilizados no momento do crime ainda são lembrados. O júri popular será realizado no fórum do município de Matupá, distante 720 Km de Cuiabá, no dia 04 de outubro, a partir das 8h. Serão julgados Vademir Pereira Bueno, Alcindo Mayer, Arlindo Capitani e Santo Caioni.
Consta na denúncia do Ministério Público, que a chacina ocorreu no dia 23 de novembro de 1990, após uma tentativa de roubo frustrada. Na ocasião, os assaltantes Osvaldo José Bachmann e os irmãos Arci e Ivanir Garcia dos Santos permaneceram por mais de quinze horas no interior de uma residência localizada no município. Após serem detidos, os policiais militares não conseguiram impedir que a população tivesse acesso aos acusados.
"A escolta policial que tinha o dever de assegurar a integridade dos presos não conseguiu impedir que estes fossem entregues à população que, com requintes de crueldade, efetuou disparos de arma de fogo, desferiu pauladas e chutes, e posteriormente, ateou fogo sobre as vítimas que ainda estavam vivas", ressaltou a promotora de Justiça que atua no caso, Daniele Crema da Rocha.
As cenas da execução das vítimas, filmadas por um cinegrafista amador, foram amplamente divulgadas, inclusive por veículos internacionais. Por meio dessas imagens, foi possível, durante o inquérito policial, identificar 18 autores dos crimes. Consta no processo que, "na época dos fatos, a revista Veja (1991, p.77) noticiou que 'depois de duas semanas de guerra no Golfo Pérsico, a CNN ainda não exibiu nenhuma cena de barbárie igual à registrada por um cinegrafista amador da cidade de Matupá, MT....Três assaltantes rendidos e algemados foram massacrados pela multidão - que, entre gritos e aplausos, jogou gasolina nos assaltantes e queimou-os até a morte".
Na ocasião, houve até mesmo um pedido de intervenção federal no Estado de Mato Grosso feito pelo procurador da República Aristides Junqueira. "Tais fatos repercutiram negativamente sobre a cidade e sua população até hoje traz o estigma de ter sediado um dos crimes mais graves do país, sendo a decisão dos jurados essencial para que esta imagem negativa seja revertida", ressaltou a promotora de Justiça. Os outros 14 acusados serão julgados nos dias 10, 17 e 24 de outubro.