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Cuiabá, 17 de Janeiro de 2025
17 de Janeiro de 2025

28 de Fevereiro de 2024, 07h:00 - A | A

GERAL / TREINAMENTO MORTAL

Bombeiro Rodrigo Claro morreu há 8 anos na Lagoa Trevisan; Cmte foi acusada de tortura

O jovem morreu após passar mal em um treinamento dos Bombeiros realizado na mesma lagoa em que morreu Lucas Veloso Peres, 27 anos, nessa terça (27).

CHRISTINNY DOS SANTOS
DO REPÓRTERMT



A morte de Lucas Veloso Peres, 27 anos, durante treinamento de salvamento aquático do Corpo de Bombeiros, que estava sendo realizado na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, nessa terça-feira (27) resgata na memória de muitos um caso semelhante que ocorreu em 2016: a morte de Rodrigo Claro.  

Rodrigo morreu aos 21 anos. Assim como Lucas, era aluno do Corpo de Bombeiros e treinava para ser soldado da corporação. A morte dele foi confirmada no dia 16 de novembro de 2016, após ficar cinco dias em coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Jardim Cuiabá. O jovem passou mal supostamente por esforço excessivo, em um treinamento do curso realizado na Lagoa Trevisan, no município de Várzea Grande.

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Lucas, por sua vez, já chegou ao hospital sem vida. A princípio, a principal hipótese para a causa da morte é que ele teria sofrido um mal súbito. Contudo, as investigações ainda estão no início.

À época da morte de Rodrigo, a tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur, que treinava a turma do Curso de Formação de Soldados, foi afastada dos treinamentos após ser acusada de perseguir e torturar Rodrigo.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, no dia do afogamento, Rodrigo se queixou de dor de cabeça no momento da instrução de salvamento aquático e após atravessar a lagoa a nado disse que não poderia continuar instrução, devido a dor. O jovem teria passado por uma sessão de afogamento, popularmente conhecido como "caldo".

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No batalhão, o aluno continuou a se queixar de dor e foi levado para a Policlínica do Verdão. Em seguida, foi encaminhado para um hospital Jardim Cuiabá. Rodrigo morreu após cinco cias internado na UTI da unidade de saúde.

A princípio, o quadro de Rodrigo foi tratado como aneurisma cerebral, mas o laudo médico entregue à Polícia Civil descartou o diagnóstico, contestando as hipóteses levantadas por autoridades policiais, de que ele tinha alguma doença pré-existente antes de ingressar no Curso de Formação de Soldados.

No exame de necropsia, realizado também para descobrir a causa da morte, o Instituto Médico Legal (IML) apontou que Rodrigo foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e confirmou que ele não tinha doença pré-existente.

A família do aluno alegou que houve tortura e omissão de socorro por parte da instrutora, a tenente BM Izadora Ledur.

Medo da oficial

Leia tudo sobre o caso

No dia do treinamento, 11 de novembro de 2016, Rodrigo mandou uma mensagem para a mãe, Jane Patrícia Lima Claro, dizendo que estava "com medo" porque Ledur estaria na instrução de aulas práticas. A mensagem dizia ainda que a tenente o estava 'perseguindo'.

Na conversa por meio do aplicativo WhatsApp, Rodrigo afirmou que a tenente estava "pegando em seu pé". “E hoje ela vai tá lá. Por isso fico com medo”, escreveu o rapaz na mensagem. Em uma das mensagens ele disse ainda que estava “meio que prometido” e a sua mãe disse que tudo seria “somente pressão”.

Outros alunos relataram que a tenente cometeu uma série de excessos que resultaram até em fraturas e que Rodrigo teria sido submetido por ela a várias sessões de afogamento no dia 11 de novembro.

Um inquérito policial e militar foi instaurado para apurar se a morte foi causada por excessos aos quais o aluno teria sido forçado.

Inquérito

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Acusada de tortura, tenente vai depor sobre a morte de aluno

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Investigação militar isenta tenente de homicídio, mas aponta negligência

Acusada de tortura e omissão de socorro durante os treinamentos aquáticos, Izadora Ledur foi intimada a depor sobre a morte de Rodrigo. A tenente seria ouvida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no dia 02 de fevereiro de 2017, mas a defesa alegou que ela não foi notificada oficialmente pelo comando do Corpo de Bombeiros e conseguiu adiar o depoimento por duas semanas.

O Inquérito Policial Militar realizado pelo Corpo de Bombeiros isentou a tenente das acusações de ter cometido homicídio ou tentativa de homicídio, já que no não ficou caracterizado nenhum dos dois crimes. No entanto, o relatório apontou que os coordenadores do Curso de Formação de Soldados, tenente-coronel Licínio Ramalho Tavares, o tenente-coronel Marcelo Augusto Reveles e a tenente Isadora Ledur de Souza Dechamps, foram negligentes com a segurança do local, ao não disponibilizar uma ambulância e equipamentos adequados para primeiros socorros no dia do treinamento.

Já no inquérito policial, Izadora Ledur foi indiciada pelo crime de tortura contra o aluno soldado Rodrigo.

O Ministério Público do Estado (MPE) pediu a prisão preventiva da tenente, por crime de torturada, e destacou o perfil perverso da militar que chamava alunos bombeiros de lixo e aplicava castigos durante os treinamentos.

Em dezembro de 2017, as investigações contra a tenente foram suspensas. O então governador Pedro Taques alegou que a ação era necessária para que o Conselho de Justificação - que faz parte da Corregedoria do Corpo de Bombeiros - concluísse o próprio inquérito.

Em abril do ano seguinte, a tenente voltou a prestar depoimento. Mas ela só foi condenada por maus-tratos, sem perda do cargo, em setembro de 2021, cinco anos após a morte de Rodrigo.

No entanto, Ledur entrou com recurso afirmando que não teria havido dolo em sua conduta, ou seja, não havia a intenção de cometer o crime de maus-tratos. A tenente bombeiro se livrou do crime de tortura e pegou apenas 1 ano de “prisão” em regime aberto por maus-tratos.

Mas a Justiça Militar de Mato Grosso declarou extinta, em agosto de 2022, a punibilidade da sentença. A defesa da militar pediu a extinção da pena e argumentou que o tempo entre a data de denúncia e a publicação da sentença excedeu o lapso prescricional. Sendo assim, ela não precisou cumprir a pena.

O Corpo de Bombeiros também arquivou o processo disciplinar que investigou a tenente, pois o processo administrativo prescreveu após 5 anos.

Em janeiro de 2022, o MPE protocolou uma nova denúncia contra a militar por crimes de tortura, durante curso de formação da corporação, desta vez, contra o ex-aluno Maurício Júnior dos Santos. O caso corre na justiça.

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Gina 28/02/2024

Não vai dar em nada,como no caso do Rodrigo Claro e outros. É só uma vida perdida ,para as autoridades.

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Nando 28/02/2024

Muito triste se ver casos dessa natureza, o processo IPM foi arquivado e agora o processo do Lucas também vai arquivar?????

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2 comentários