DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT
O capitão do Corpo de Bombeiros, Daniel Alves de Moura e Silva, e o soldado identificado apenas como Caique, investigados por supostas práticas de tortura que resultaram na morte do aluno-soldado Lucas Veloso Peres, de 27 anos, durante treinamento aquático na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, devem ser interrogados nesta sexta-feira (15).
Lucas morreu afogado no dia 27 de fevereiro deste ano, durante treinamento de salvamento aquático do curso de formação da corporação. Na ocasião, ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
O Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado pela Corregedoria do CBM. Nos últimos dias, diversas testemunhas foram ouvidas. A expectativa é que o interrogatório dessas pessoas termine na quinta-feira (14). Contudo, a investigação tramita sob sigilo, de modo que não é possível acompanhar as oitivas.
No dia seguinte, na sexta-feira, espera-se que o coronel Dércio Santos da Silva, responsável por presidir as investigações, ouça os acusados do caso. A informação foi repassada por uma fonte ao RepórterMT.
O IPM foi instaurado no último dia 28. A partir disso, a corporação tem 40 dias para concluir as investigações. O prazo poderá ser prorrogado por mais 20 dias. Os trabalhos estão sendo acompanhados pelo Ministério Público de Mato Grosso.
Vale lembrar que essa não é a primeira morte durante o curso de formação dos Bombeiros. Em 2016, o aluno Rodrigo Claro morreu após passar pelo mesmo treinamento e no mesmo local, a Lagoa Trevisan. À época, o Capitão Daniel Alves foi uma das testemunhas de defesa da então tenente Izadora Ledur, denunciada por torturar Rodrigo. Ela foi condenada, entretanto, por maus tratos e cumpre pena em regime aberto.
Relembre o caso
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pelos militares, o aluno teria sofrido um mal súbito e submergiu na lagoa durante o treinamento. Os colegas tentaram reanimá-lo, mas sem sucesso.
O militar foi encaminhado ao Hospital São Bento, mas chegou sem sinais vitais. Os médicos plantonistas insistiram nas manobras de reanimação, mas ele já estava sem vida.
A Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) foi acionada e fez a liberação do corpo que foi encaminhado ao Instituto Médico Legal.
No entanto, o exame de necropsia realizado pela Perícia Oficial Técnica (Politec) apontou que Lucas morreu vítima de afogamento.
Logo após a morte, colegas do curso de formação denunciaram que ele teria sido torturado no treinamento, o que resultou na morte do rapaz. Diante da suspeita, um inquérito Policial Militar foi instaurado pela corporação, que passou a investigar o caso.