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Cuiabá, 05 de Fevereiro de 2025
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28 de Dezembro de 2018, 08h:30 - A | A

GERAL / RETROSPECTIVA 2018

Ex-'chefão' do crime, João Arcanjo ganhou liberdade após passar 15 anos na cadeia

Em fevereiro, a Justiça reverteu a prisão preventiva do ex-bicheiro para regime semiaberto. No dia 26, ele retornou para casa, no Boa Esperança, para cumprir o restante da pena de 87 anos.

RAFAEL MACHADO
DA REDAÇÃO



Após quase 15 anos preso, uma das figuras mais temidas do Estado, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro foi solto em fevereiro deste ano após conseguir progressão do regime fechado para o semiaberto.

No dia 19 de fevereiro, o juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues - da Segunda Vara Criminal - deferiu o pedido e deu liberdade para Arcanjo cumprir o restante da pena em sua casa, no Bairro Boa Esperança, em Cuiabá.

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Ao conceder o benefício, o magistrado destacou que o Ministério Público do Estado (MPE) opinou contra a progressão de regime, sob argumento de que o ex-bicheiro não preenchia os requisitos necessários para receber o benefício.

“Declaro que no presente exame o reeducando demonstra ter estabelecido o processo de amadurecimento e reflexão sobre si e seus atos, observa-se a presença de empatia, apresenta arrependimento direcionado as consequências dos crimes pelos quais responde em relação a sua vida, de sua família e a de terceiros”, diz trecho destacado pelo juiz na decisão.

Ele apontou na sua decisão que Arcanjo já havia alcançado o requisito “objetivo” para progressão desde agosto de 2017. Além disso, foi levado em consideração um exame criminológico feito no dia 13 de dezembro de 2017 que evidenciou aspectos psicológicos normais e sem alterações do ex-comendador.

“Declaro que no presente exame o reeducando demonstra ter estabelecido o processo de amadurecimento e reflexão sobre si e seus atos, observa-se a presença de empatia, apresenta arrependimento direcionado as consequências dos crimes pelos quais responde em relação a sua vida, de sua família e a de terceiros”, diz trecho do exame destacado pelo juiz na decisão.

A avaliação dos diretores das unidades prisionais em que João Arcanjo esteve preso também foi levada em conta. Eles alegaram que durante o período em que ele esteve detido apresentou bom comportamento.

Ele ainda destacou que não procede o argumento do Ministério Público que caso João Arcanjo estivesse em liberdade poderia prejudicar o andamento do processo em razão do temor da sociedade contra o ex-bicheiro e por ter notório poder econômico para fugir do país.

“Neste passo é importante registrar que o penitente ostenta idade avançada (sessenta e seis anos), possui uma pena transitada em julgado de 87 (oitenta e sete) anos e 06 (seis) meses, tendo permanecido no regime fechado por 14 (catorze) anos, 09 (nove) meses e 13 (treze) dias, donde se conclui que qualquer tentativa de fuga configuraria falta grave, e consequente regressão, com fixação de nova data-base, exigindo-lhe mais uma longa temporada no regime fechado, e diante da idade avançada, teria pouca chance de sair do regime mais grave com vida”, destacou o magistrado.

Liberdade

Após passar por audiência de custódia no dia 26 do mesmo mês, Arcanjo deixou a Penitenciária Central do Estado (PCE) para ir para casa. O juiz Jorge Luiz determinou que fosse instalado a tornozeleira eletrônica e outras cautelares com: recolhimento entre 20h e 6h; Não frequentar lugares inapropriados, como locais de prostituição, de jogos, bocas de fumo e locais similares; Não portar armas, nem brancas (faca, canivete, estilete etc.) nem de fogo (revólver, espingarda, explosivos etc.); Não ingerir bebida alcoólica ou fazer uso de qualquer espécie de substância entorpecente; Não se envolver em qualquer tipo de infração penal (crime ou contravenção); entre outros.

Audiência de Justificação

Em agosto, João Arcanjo Ribeiro foi interrogado após denúncia de que estaria novamente envolvido no jogo de bicho. Ao juiz da 2ª Vara Criminal, Geraldo Fidélis, o ex-bicheiro negou as queixas.

Ele foi intimado pela Justiça para comprovar que não esta reincidindo em atos criminosos envolvendo o jogo do bicho. Em operação, a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) encontrou anotações com nomes de familiares de Arcanjo em casa de jogo do bicho.

“Passei 15 anos preso. Você acha que sou bobo de mexer com isso. Não sou proprietário mais da Colibri”, declarou durante a audiência de justificação.

Recado aos devedores

O advogado Zaid Arbid disse durante entrevista ao programa Cadeia Neles, da TV Vila Real (Record), em Cuiabá, que o ex-bicheiro iria cobrar R$ 250 milhões que tem para receber dos devedores que contraíram empréstimos na sua factoring.

“Não é questão de perdoar. Nós não estamos no paraíso. No paraíso, é que você aplica o Pai Nosso: você vai perdoar as dívidas e as ofensas. Mas estamos na Terra e tudo na Terra tem que receber”, afirmou o advogado na época.

Crimes

Em 2013, João Arcanjo Ribeiro foi condenado a 19 anos de prisão pela morte do empresário e dono do Jornal Folha do Estado, Domingos Sávio Brandão.
Dois anos depois, o ex-bicheiro recebeu outra condenação de 44 anos e dois meses de prisão pelo Tribunal do Júri de Cuiabá pela morte de Rivelino Jaques Brunini e Fauze Rachid Jaudy Filho e pela tentativa de homicídio de Gisleno Fernandes.

Ele foi preso em 2003, em Montevidéu, no Uruguai, após a deflagração da Operação Arca de Noé.

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