CELLY SILVA
DA REDAÇÃO
As famílias dos jovens Genes Moreira dos Santos Júnior, 24, e Marciano Cardoso Mendes, 25, já estão há quase uma semana aguardando por um mandado de prisão contra os responsáveis pelas mortes dos dois rapazes na última quarta-feira (09). De acordo com familiares das vítimas, o Ministério Público Federal encaminhou o caso para a Justiça Federal em Juína, que por sua vez, repassou para à Justiça Estadual. Como o caso corre em segredo de Justiça, nenhum órgão repassa qualquer informação à imprensa.
“Eles estão empurrando pra todos os órgãos competentes, mas a gente não vai esperar não. A gente vai trancar a estrada de novo se não for resolvido”, disse a prima de uma das vítimas.
“Eles estão empurrando pra todos os órgãos competentes, mas a gente não vai esperar não. A gente vai trancar a estrada de novo se não for resolvido”, disse ao uma das primas de Genes, Adriely Kelmy. Segundo ela, o Ministério Público pediu que a família aguardasse até o final da tarde desta sexta-feira (18) para que algum juiz assinasse o mandado de prisão contra três índios acusados de matar os jovens, que supostamente tentaram furar um bloqueio indígena na BR-174, quando pretendiam ir à Bolívia comprar roupas para revender.
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A família reclama que por conta da grande revolta instaurada após as mortes e com o sigilo decretado no processo, eles têm recebido poucas informações da Justiça. “Eles não dão muitos detalhes, até porque a gente está muito revoltado, então eles omitem muita coisa da gente”, lamenta Adriely.
Nos chamados “pit stops”, os familiares pregam adesivos com a palavra “JUSTIÇA” nos carros, e seguram cartazes cobrando providências das autoridades.
Enquanto os órgãos competentes não apresentam novidades no andamento do processo, as famílias das vítimas têm feito protestos todos os finais de tarde, em diferentes pontos de Juína. Nos chamados “pit stops”, eles pregam adesivos com a palavra “JUSTIÇA” nos carros, seguram cartazes cobrando providências das autoridades. Além disso, novos bloqueios da BR-174 estão nos planos, caso nenhum resposta concreta seja dada.
Na quinta-feira (17) houve uma missa de sétimo dia organizada pela família de Marciano. Nesta sexta-feira (18), ocorreu um culto evangélico promovido pela família de Genes. Todos ainda estão muito abalados. A viúva de Marciano tenta juntar documentos que comprovem a união estável para garantir algum direito que ajude a cuidar sozinha dos dois filhos que o casal teve.
A população de Juína e das cidades vizinhas também continua revoltada e o clima de tensão ainda paira sobre o município. Empresários que vendiam alimentos, gasolina e medicamentos para a etnia Enawenê Nawê “fecharam as portas para eles”, conforme Adriely, em solidariedade às famílias das vítimas. Em Brasnorte, onde os índios também costumavam ir, eles também não são mais bem-vindos. Por isso, os índios não tem ido mais para a cidade. Eles se dirigem até Vilhena quando precisam comprar alguma coisa.
Empresários que vendiam alimentos, gasolina e medicamentos para a etnia Enawenê Nawê “fecharam as portas para eles”, conforme Adriely, em solidariedade às famílias das vítimas.
De acordo com Valdinei Gustavo, 25, amigo próximo de Genes e Marciano, “as pessoas estão muito revoltadas com tudo, com o pedágio, com a maneira que os meninos morreram. O Genes foi morto com tiro na cabeça, foi executado na frente do funcionário da Funai. O Marciano foi morto depois, mas foi bastante judiado, com paulada e tiro”, contou ao .
Além das mortes cruéis sofridas pelos amigos, a população está indignada com as mentiras contadas pelos índios. Em entrevistas dadas pelo líder Dodoay, ele chegou a alegar que Marciano morreu porque estava correndo na mata e um pedaço de madeira caiu em cima dele. Outra alegação foi de que um dos rapazes havia atirado em um índio. “O Dodoay alegou que o rapaz deu um tiro no braço do índio, mas não tem vítima, não tem nada porque se tivesse atirado em algum índio tinha aparecido o índio com o braço atirado”, contesta Valdinei.
Mesmo com a demora das prisões dos culpados, a família continua buscando Justiça. “Eles deram um tiro no pé porque tudo o que é podre começou a ser desvendado”, aponta Adriely.