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Cuiabá, 11 de Janeiro de 2025
11 de Janeiro de 2025

05 de Outubro de 2022, 07h:00 - A | A

GERAL / VÍTIMA DE FALSA MÉDICA

Paciente com câncer pode ter morrido por tomar ‘substância desconhecia’ em Cuiabá

Repórter MT conversou com o médico oncologista, André Crepaldi, que explicou que as sessões de hemoterapia e ozonioterapia não contribuíram para a piora do paciente.

JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTER MT



Após a Polícia Civil divulgar um homem de 55 anos, com câncer terminal, morreu em uma clínica clandestina no bairro Santa Cruz, em Cuiabá, muitas dúvidas ficaram acerca do ‘tratamento alternativo’ feito pela falsa médica.

Conforme divulgado pela assessoria da polícia, o filho do paciente relatou que a mulher, que trabalha como enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), realizou sessões de hemoterapia e ozonioterapia e ainda receitou e entregou um frasco, com uma substância desconhecida, para o paciente pingar na boca, com a promessa de que o líquido iria curá-lo do câncer terminal.

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Porém, ao invés de melhorar, o homem acabou piorando rapidamente, perdendo a fala, os movimentos das pernas e passou a se alimentar apenas com a ajuda de terceiros, até falecer.

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Falsa médica é alvo de busca e apreensão após causar a morte de paciente com câncer

O Repórter MT procurou o médico oncologista, Dr. André Crepaldi, que explicou que as sessões de hemoterapia e ozonioterapia não contribuíram para a piora do paciente, mas também não há comprovações científicas de que elas melhorar o quadro.

“Há uns cinco anos teve um ‘boom’ desse tipo de tratamento [hemoterapia] em que algumas pessoas relatavam que melhorava a imunidade, melhorava as dores crônicas, mas não tem nada comprovado”.

“Se você pensar racionalmente, quando você tira o sangue da pessoa e injeta no músculo de novo, é como se fosse um hematoma, uma batida que sangra lá dentro”, explicou.

Segundo o médico oncologista, o que deve ter piorado é a ‘substância desconhecida’ dada pela falsa médica. “A hemoterapia e a ozonioterapia não tem comprovações de melhoras nesses casos, mas também não pioram o quadro. O que pode ter sido é essa substância, que a gente ainda não sabe o que é”, salientou.

Busca e apreensão

Na manhã de quinta-feira (29), a Gerência de Operações Especiais da Polícia Civil (GCCO), fiscais da Vigilância Sanitária Municipal e o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso cumpriram mandados de busca e apreensão na clínica clandestina, que fica no bairro Santa Cruz, em Cuiabá.

Na ocasião, foram encontrados carimbos com o nome da mulher e número de registro no Conselho de Medicina, além de receitas médicas carimbadas e assinadas recentemente por ela.

As receitas também traziam a prescrição de hormônios, vitaminas e outras substâncias. Também foram apreendidos dezenas de frascos com substância de composição desconhecida e rótulos escritos à mão ou impressos com o nome da mulher, como sendo a médica responsável pela prescrição, além de seringas e agulhas supostamente utilizadas em tratamentos à base de hemoterapia, alguns aparelhos e uma tabela com os preços de procedimentos e consultas, inclusive para crianças. Na tabela, as consultas podiam chegar a R$ 300. Ainda foi apreendida no local uma carteira funcional do CRM-MT, em nome da mulher.

A Vigilância Sanitária Municipal constatou que o local não possui alvará para funcionamento como clínica médica.

A Delegacia do Consumidor continuará investigando a acusada pela prática dos crimes de exercício ilegal da medicina, charlatanismo e curandeirismo. As penas somadas podem chegar a cinco anos de prisão e multa.

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