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A Polícia Civil divulgou, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (14), detalhes dos dez primeiros dias de investigação sobre o ataque ocorrido na creche Pró-Infância Aquarela, em Saudades, no Oeste de SC, que matou cinco pessoas, três bebês e duas funcionárias.
Os delegados ressaltaram o apoio da Agência de Segurança Norte-Americana ICE-HSI (Homeland Security Investigations), acionada por meio da embaixada dos Estados Unidos, nas diligências, que possibilitou o acesso aos servidores que armazenavam informações do autor da chacina de Saudades, de 18 anos. Assim, foi possível identificar novas suspeitas de ataques semelhantes no Brasil.
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Conforme o delegado-geral da Polícia Civil Paulo Koerich, a troca de informações entre agências de segurança não é novidade. “No mundo artificial sempre surgem ferramentas novas, que permitem a melhora das informações”, conta o delegado.
A hospedagem de dados em servidores no exterior é um dos fatores que torna a troca necessária. “Com isso conseguimos identificar novos ataques suspeitos pelo teor da conversa. As Polícias Civis nos Estados agiram e estão agindo. Já temos pessoas presas”, pontuou o delegado.
Casos não tem relação
No dia 10 de maio, um homem de 19 anos foi preso por suspeita de planejar ataques a escolas em São Paulo. Outros três Estados trocaram informações referentes aos atentados. Apesar da semelhança entre os crimes, os suspeitos não se conheciam pessoalmente. “Eles se falam pela internet. Conversavam por chat, mas sem se conhecer”, ressalta Koerich.
“As ações não tinham ligação com o fato ocorrido em Saudades, mas diante do que foi extraído dos equipamentos, conseguimos identificar que outras pessoas tinham intenções semelhantes às do jovem de Saudades”, afirmou o delegado regional Ricardo Casagrande, na coletiva.
Os aparelhos do autor do crime em Santa Catarina foram periciados. Durante a coletiva, a Polícia Civil não deu mais detalhes para não comprometer o andamento das investigações.
Ataque completou dez dias
O atentado vitimou cinco pessoas, dentre elas três, bebês com menos de dois anos e duas educadoras. As armas do crime, espécie de espadas ou adagas, foram compradas pela internet e recebidas cinco dias antes da chacina, por encomenda.
Uma das principais novidades apresentadas na coletiva é a de que o jovem agiu sozinho. O motivo seria um ódio generalizado, sem incentivo de algum grupo específico.
“A família se reunia para jantar, ele pegava o prato e ia para o quarto. Quando queria comprar uma roupa, pedia para que a mãe fizesse isso. Ele foi se isolando cada vez mais nos últimos tempos e entrou em um mundo onde começou a ter contato com materiais violentos [fotos e vídeos] e com pessoas que pensavam do mesmo modo, o que alimentou esse ódio nele.”
O autor do crime, que tentou suicídio após a ação, está preso no Presídio Regional de Chapecó, depois de passar oito dias internado. Toda a ação foi premeditada. O jovem foi indiciado por cinco homicídios e uma tentativa de homicídio – todos triplamente qualificados. A Polícia Civil irá encaminhar o inquérito ao Ministério Público ainda nesta sexta-feira (14).