BBC Brasil
Para que a apresentação de fim de ano da turma da escola fique mais bonita, mande sua filha de cabelo liso solto. Foi esse o tom do comunicado enviado nas agendas de crianças da escola Associação Cedro do Líbano de Proteção à Infância, de São Paulo, motivando reações indignadas nas redes sociais de pessoas que acusaram a escola de ter uma atitude racista.
A mensagem, dirigida aos pais, faz parte dos preparativos para a festa de fim de ano da turma, prevista para o dia 3 de dezembro. O penteado das meninas, de acordo com mensagem, é "cabelo liso solto". O aviso traz a imagem de uma atriz infantil, com o cabelo liso e solto, enfeitado com uma tiara. O cabelo para a apresentação, alerta a mensagem, deverá ser "sem a tiara".
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Uma pessoa compartilhou a imagem do comunicado em sua página no Facebook no dia 30 de novembro, obtendo 6 mil curtidas e mais de 1 mil compartilhamentos. Houve também vários comentários considerando racista a atitude da escola.
No perfil do estabelecimento na rede social, as mensagens se multiplicaram, questionando o fato de a escola pedir cabelo liso numa apresentação de fim de ano mesmo sabendo que há no país e na própria escola crianças negras e também brancas de cabelos crespos.
Por outro lado, houve quem defendesse a escola e o trabalho social que ela realiza na região, minimizando o ocorrido como um caso individual. Ou considerasse as reclamações exageradas, de gente que vê racismo em tudo.
A Associação Cedro do Líbano de Proteção à Infância funciona há 68 anos e é uma escola beneficente criada por mulheres de origem libanesa. Atende gratuitamente crianças e adolescentes de até 18 anos, de baixa renda, de bairros da zona sul de São Paulo. Oferece ensino tradicional e cursos técnicos. Segundo sua assessoria, vive de doações e parcerias, inclusive com a Prefeitura de São Paulo, recebendo diariamente 3 mil crianças.