R7
A matança que vitimou quatro adolescentes com idades entre 12 e 17 anos em Fortaleza, no Ceará, nesta segunda-feira (13) teria sido motivada por uma disputa de gangues. Jovens denunciaram o risco de invasões ao centro por gangues rivais.
Na chacina, os jovens foram arrancados Centro de Semiliberdade Mártir Francisco por 15 criminosos, espancados e depois mortos.
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O R7 teve acesso a um vídeo em que uma vítima aparece sendo agredida momentos antes de ser assassinada. Nele, o agressor pergunta se o adolescente era do bairro Barra.
Em seguida, ele manda o garoto mostrar a tatuagem que tinha na mão direita. Nela, é possível ver os números 745. Os números correspondem à sétima, quarta e quinta letra do alfabeto, o que completa a sigla GDE. Ela representa o nome de uma das gangues: Guardiões do Estado.
Denúncias
Ao R7, uma representante de grupo de mães de jovens que estão nos centros socioeducacionais da cidade afirmou que o risco era denunciado pelos próprios adolescentes desde agosto à Vara da Criança e do Adolescente.
De acordo com o juiz Manuel Clístenes, titular da 5ª Vara, os jovens que denunciaram o medo de ficar no centro foram devolvidos às famílias. Os adolescentes que foram mortos na chacina não tinham denunciado as ameaças.
Ainda segundo o juiz, o Estado foi comunicado sobre as denúncias específicas sobre os riscos de invasão. A coordenadora do centro, também foi avisada em uma audiência. Porém, ela teria refutado a possibilidade de algo do tipo acontecer.
O centro socioeducativo foi interditado nesta terça-feira (14) pela Justiça e permanecerá assim no mínimo por sete dias.
Gangues
Em Fortaleza, cada bairro tem a sua própria gangue. Isso gera diversos conflitos na região. Segundo a mãe, a morte dos jovens no Centro Mártir Francisco, no bairro Sapiranga, é reflexo disso.
O grupo relata que, todas as vezes que os adolescentes voltavam para casa eram abordados e questionados sobre o bairro onde moravam. Assim, era possível deduzir a qual gangue eles pertenciam.
Por meio de nota, o grupo de mães se manifestou sobre o caso desta segunda. Nela, elas dizem que "o maior executor e responsável pelo ocorrido foi o ouvido surdo do nosso Estado omisso e violador de direitos, especificamente aqui os da criança e dos adolescentes". O grupo ainda exigiu a "responsabilização dos culpados".
O R7 entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará para fazer questionamentos sobre as denúncias. Até o fechamento desta reportagem, o órgão não se manifestou.
A reportagem também entrou em contato com o centro para falar com a coordenadora. Porém, ela não atendeu às ligações.
A chacina
Segundo investigações da polícia, um grupo de 15 homens armados invadiu o Centro de Semiliberdade Mártir Francisco e renderam os seguranças.
Depois, eles teriam seguido para o dormitório onde estavam as quatro vítimas. Eles teriam, então, sido arrastados para fora.
Após serem espancados, eles teriam sido executados com tiros na cabeça. Ainda segundo a polícia, dois dos jovens mortos tiveram as mãos arrancadas a golpes de faca e facão.