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Cuiabá, 26 de Dezembro de 2024
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24 de Setembro de 2013, 08h:17 - A | A

OPINIÃO / DOENÇA DO AVIÃO

Aeromoça

Tem muita gente que pensa que piso do corredor de avião é esterilizado"

GABRIEL NOVIS NEVES



Certa ocasião, durante uma viagem, pedi à aeromoça um pedaço de papel. Gostaria de escrever sobre um fato que acabara de presenciar a dez mil metros de altura.

Ela me respondeu se guardanapo servia. Respondi que sim, e recebi um pacote deles.

Papel fininho. Escrevi com todo o cuidado para aproveitar aquela oportunidade, antes que o natural esquecimento esvaziasse o consciente e enviasse aquelas informações para o arquivo do inconsciente.

Afoitamente iniciei a escrever, com todo o cuidado que a situação exigia.

No seu retorno com o carrinho de coisas - verdadeiro mercado ambulante dos longos corredores dos modernos aviões, ela me perguntou se precisava de mais "munição".

 Expliquei-lhe que tinha observado tanta coisa curiosa e que aceitaria o reforço oferecido.

Ela sorriu, abrindo a possibilidade que eu pretendia: conhecer alguns fatos repetitivos nos voos e que incomodavam a tripulação de bordo que atende ao público durante as viagens.

Pedi então que ela me contasse um fato que a incomodava.

Ela falou que “tem muita gente que pensa que piso do corredor de avião é esterilizado. Impressionante como deixam os seus bebês engatinhar no carpete contaminado que forra a longa avenida dos modernos intercontinentais”.

Tenho vontade de informar às famílias que assim procedem que, o mais pesado que o ar percorre, em questão de horas, o planeta Terra, trazendo com ele bactérias e vírus até então desconhecidos para nós.

O mais grave é que esses organismos, só vistos ao microscópio de grande resolutividade, sofrem inúmeras mutações produzindo, inclusive, doenças desconhecidas à ciência.

O povo chama essas patologias desconhecidas como a "doença do avião".

As criancinhas, alegres com a novidade da brincadeira, ficam com as mãozinhas, corpo e vestuário imundos da sujeira perigosa.

E, mesmo assim, os pais lhes oferecem guloseimas que são agarradas com as mãos perigosas dos seus rebentos.

Como faz falta a educação voltada para a vida!

Muitas vezes essas viagens são programadas para países desenvolvidos para, desde cedo, mostrarem às crianças outras culturas.

Entretanto, os pais se esquecem dos fundamentos da educação, que é aprendida em casa, e que começa com as noções básicas de higiene, dentre elas: lavar as mãos antes de qualquer refeição.

O grande filósofo Eduardo Portela - aquele intelectual que foi convidado a fazer a abertura da educação do regime de exceção para a democracia e que marcou a sua presença ao dizer que estava ministro - muito bem definiu o tipo de educação tão em moda atualmente - a “Educação ornamental e ociosa".

Precisamos de muita educação voltada para a vida das pessoas. Só esta produz a ascensão social.

Pais! Cuidem dos seus filhos. Não os preparem para terem na sala de visitas um diploma de decoração.

 

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