BRUNA GHETTI
A procura por cirurgias íntimas no Brasil tem crescido significativamente. Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética apontam que, nos últimos dois anos, o país lidera mundialmente a realização de procedimentos como a labioplastia (ninfoplastia) e o rejuvenescimento vaginal.
Segundo o estudo, somente em 2023, foram realizadas mais de 13 mil cirurgias de ninfoplastia em território brasileiro. A entidade revela ainda que, em nível global, esse mesmo tipo de procedimento teve um aumento de 33% nos últimos três anos. Analisando além da frieza dos números, esse crescimento indica um novo olhar da mulher sobre si mesma.
Já há alguns anos as cirurgias plásticas ganharam popularidade no Brasil. No ano passado, cerca de 3,3 milhões de intervenções desta natureza foram concretizadas. Dentro desse contexto, as cirurgias íntimas passaram a ocupar um lugar de destaque nas preferências das mulheres brasileiras, se consolidando como um fenômeno que transcende questões puramente estética.
É cada vez mais evidente que essa busca representa a quebra de um tabu cultural, permitindo que a mulher tenha maior autoconfiança para ir atrás de soluções para suas insatisfações pessoais. Se antes padrões sociais bloqueavam qualquer discussão sobre o tema, hoje escolher uma cirurgia íntima simboliza um gesto de autocuidado, empoderamento e de priorização da própria felicidade.
As razões que levam as mulheres a procurar esses procedimentos vão desde desconfortos ao vestir uma determinada roupa até a insatisfação com a aparência íntima, que impacta diretamente na autoestima. Ao solucionar essas questões, o que se percebe não é apenas uma melhora física, mas também emocional e de qualidade de vida.
A ampliação do diálogo sobre esses procedimentos e o acesso a informações confiáveis têm desmistificado a ideia de que cuidar da região íntima seja fútil ou vergonhoso. Pelo contrário, revela um movimento de aceitação e independência, em que a mulher se sente livre para fazer escolhas que melhorem seu bem-estar.
Na minha prática clínica diária percebo como essas cirurgias representam para cada paciente atendida um ato de ressignificação. Nas conversas com cada uma delas, fica claro que não se trata de ceder a padrões externos, mas sim de atender um desejo de viver mais plenamente e com mais conforto.
Enquanto médica ginecologista, é um privilégio ser parte desse processo, ajudando mulheres a alcançarem seus objetivos com segurança e acolhimento. O crescimento desse mercado nos convida a continuar quebrando tabus, ampliando diálogos e reforçando que cuidar de si não é uma questão de vaidade, mas de amor-próprio, bem-estar e saúde.
Drª Bruna Ghetti é médica ginecologista, referência em saúde íntima e longevidade da mulher