RODRIGO SENRA
Você consegue imaginar um viaduto sendo construído em apenas 72 horas ou um prédio de 14 andares, em 8 dias? Parece surpreendente, mas isso é uma realidade em países como Chile e China devido à utilização de novas tecnologias, entre elas, podemos destacar o uso do BIM (Building Information Modeling) ou Modelagem da Informação da Construção.
Além de reduzir custos, a metodologia diminui o tempo de execução e garante melhoria na qualidade final das obras. Neste mês, durante palestra que ministrei para a Semana das Engenharias 2024, defendi a implementação da nova tecnologia que já é prevista pela nova Lei de Licitações (nº 14.133/2021) para obras federais, mas que avança lentamente entre estados e municípios brasileiros. Em Mato Grosso, não há sequer legislação prevista.
Esse descompasso se reflete de diversas maneiras. Um exemplo são os gráficos de produtividade na indústria e na economia brasileira com resultados que dobraram nos últimos 10 anos, mas, que em relação à construção civil, ficaram estagnados. Como Mato Grosso, um estado com tamanha pujança econômica, tem um tão prioritário como a construção civil que não avança?
Nosso papel, enquanto Instituto, é justamente difundir a importância da implementação de sistemas mais eficientes (como o BIM) que ofereçam melhor custo-benefício, além de menor risco de acidentes e menos problemas no processo da construção. Países como Estados Unidos, Singapura, China e Chile são exemplos na implementação de novas tecnologias, com resultados surpreendentes.
Em Singapura, o governo já automatizou 100% a aprovação de projetos das prefeituras com utilização de um sistema que utiliza inteligência artificial (IA) e algoritmos para revisar planos, verificar a conformidade com regulamentações e aprovar projetos de construção em tempo recorde. O modelo foca em eficiência e transparência, atendendo às metas da cidade de consolidar sua posição como líder em tecnologia e urbanismo inteligente.
Diante de tantas inovações disponíveis, por que ainda estamos utilizando mão de obra humana em atividades que um robô poderia fazer? Além de ganhar em produtividade, isso atenderia aos critérios da impessoalidade e eficiência na gestão pública. É urgente a mudança da atual lógica brasileira em que se investe mais em execução do que no planejamento das obras da construção civil, sobretudo na área pública que gera grande impacto econômico e social.
A outra pergunta que constantemente fazemos é sobre o que nos impede de avançar. Infelizmente, o maior desafio para incorporar inovações à área de construção civil ainda é a barreira cultural dos próprios profissionais, o que tem exigido trabalho contínuo do IEMT, nos últimos dez anos, para promover o fortalecimento da entidade.
Como somos uma instituição multiprofissional, agregamos todas as profissões do setor da engenharia e ainda possuímos um forte vínculo com instituições de áreas afins, como arquitetura e urbanismo. Juntos, temos força suficiente para mudar esse cenário de modo a agregar a experiência de profissionais com mais de 50 anos de trabalho e ao mesmo tempo o dinamismo dos mais jovens.
Portanto, no nosso planejamento estratégico, temos o objetivo de resgatar a interlocução não só entre os profissionais da área, como com lideranças políticas e administrativas estaduais e municipais, para aperfeiçoar as decisões que beneficiem toda a sociedade. Temos convicção de que poderemos contribuir com soluções mais estratégicas e eficientes e ainda ajudar a alavancar a produtividade do setor da construção civil de Mato Grosso!
Rodrigo Senra, presidente do IEMT, engenheiro civil, empreendedor, palestrante e professor MBA de soluções BIM e transformação digital, [email protected].