LICIO ANTONIO MALHEIROS
A chamada em questão pode parecer: dúbia, inconsistente, desconexa, esdrúxula, vexatória; diria até, imoral.
Porém, infelizmente é retrato fiel daquilo que vivemos e vivenciamos em nosso país.
A vilipendiação dos valores: éticos, morais e institucionais vem se tornando uma constante; criando assim, uma dualidade entre as competências e atuações dos poderes constituídos.
Infelizmente, a disputa pelo poder e questões ideológicas, acabam interferindo na competência dos três poderes, que integram a estrutura administrativa, e que formam o Estado brasileiro.
Estado este, que é formado por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário e como a própria constituição nos traz; os poderes constituídos teriam que ser harmônicos e independentes entre si.
A chamada em questão; agora será melhor compreendida, entendida, esclarecida, principalmente para as pessoas que não usarem o viés político partidário, para o entendimento daquilo que vem acontecendo em nosso país.
Explico, as contas do setor público consolidado apresentam um déficit primário de R$ 43,4 bilhões, isso apenas no primeiro semestre deste ano, o equivalente a 0,78% do Produto Interno Bruto (PIB).
O PIB representa a soma de tudo o que é produzido em uma cidade, estado ou país, alguns fatores importantes para o PIB incluem: consumo da população, investimentos empresariais em maquinários e contratação de empregados, gastos governamentais em infraestrutura.
Vamos explicar; o déficit primário acontece quando as receitas com impostos ficam abaixo das despesas, desconsiderando os juros da dívida pública.
Em outras palavras, é quando o governo gasta mais do que arrecada, ou seja, gasta mal.
Quem endossa as minhas palavras; é a própria ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, ela diz “O Brasil até aqui gasta muito e gasta mal”.
Tanto é verdade, segundo o Banco Central (BC), o déficit das contas públicas mais do que dobrou na comparação com os seis primeiros meses de 2023, quando o resultado negativo somou R$ 20,4 bilhões ou seja (0,39 do PIB).
Fazendo jus à chamada, quando fiz referência e alusão a mesma, se cobrirmos o país, o mesmo vira um circo, não estou fazendo uso de linguem coloquial, estou pautando na veracidade dos fatos.
Diante do caos que o país está vivendo; era de se esperar que o governo federal, pisasse no freio com relação à gastos públicos, e que tratasse a todos com paridade.
Porém, a classe artística está comemorando a benevolência do governo federal, que aprovou a liberação de R$ 16,3 bilhões, para projetos culturais através da Lei Rouanet.
A classe artística por certo terá um Natal nababesco, regado a bebidas caras e sofisticadas, comidas exóticas, iguarias de dar inveja aos maiores milionários do mundo.
Enquanto isso, a maior parte da população brasileira, terá que se contentar com um Natal extremamente limitado.
Os mais pobres e humildes os chamados expropriados do capital, estes, infelizmente terão que voltar a enfrentar a fila do ossinho, como acontece em Cuiabá, a capital do Agronegócio.
Para os desavisados, para aqueles que não querem saber quem irá pagar esse rombo astronômico, é muito fácil de responder, seremos nós os 215 milhões de brasileiros pagadores de impostos.
Pare o mundo, quero descer!
Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo