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Cuiabá, 22 de Dezembro de 2024
22 de Dezembro de 2024

01 de Outubro de 2014, 09h:48 - A | A

OPINIÃO /

O legado e o futuro

A hora é de cobrar do próximo governante uma estratégia clara para a gestão da Arena Pantanal

RODRIGO VARGAS



Futebol sempre foi um elemento indutor de paixões e reações impulsivas. Quando reunido ao bairrismo e ao clima tenso do período eleitoral, o resultado é um caldo denso, turbulento, mas que raramente resulta em algo que tenha serventia. 

Na análise dos períodos pré e pós Copa do Mundo (uma espécie de fronteira entre a barbárie e a civilização, na visão de alguns iluminados), não faltaram demonstrações de como esta combinação tende a cegar os que dela se aproximam. 

Foi assim que os aplausos da imprensa estrangeira, sempre tratada com bolivariano descrédito quando apontava os supostos tropeços da nossa política econômica, tornaram-se argumentos pétreos em defesa de nossa "capacidade de organização". 

 

Turistas estrangeiros que curtiram a Copa ganharam títulos honoris causa como brasilianistas. Seus elogios foram tratados como a expressão da verdade, jamais como uma atitude cortês diante de uma casa bagunçada, mas com ocupantes de boa índole. 


Minha esperança é que, uma vez passada a convulsão eleitoral, e com a memória do desastroso 7 a 1 menos dolorida na cabeça, possamos nos dedicar a analisar o tal legado com menos emoções em jogo. 

E aceitar que a maioria das respostas não virá em pouco tempo. É o caso do suposto destino de elefante branco da Arena Pantanal, que certamente não será confirmado nem desmentido nestes primeiros meses. 

Corinthians e Flamengo quase sempre encontram casa cheia onde quer que joguem. No antigo Verdão, sempre foi assim. O ótimo público que os recebeu na Arena, portanto, não reforça nem desfaz aposta alguma, por enquanto. 

Do mesmo modo, o reduzido público do último jogo do Cuiabá, um time novo e ainda em busca de identificação com o torcedor da capital, não é prova de que a estrutura não dará resultado para o futebol local, embora lance dúvidas muito pertinentes. 

O fato concreto é que, enquanto alguns se digladiam precocemente para provar quem tinha razão sobre o tema, um obscuro empresário vem abarrotando seus cofres com a organização de jogos de grandes clubes na Arena, pagando míseros R$ 40 mil de aluguel. 

A hora é de cobrar do próximo governante uma estratégia clara para a gestão do estádio, considerando de forma realista o que pode ou não ser feito naquele espaço. 

E exigir do atual governo que ao menos faça um esforço para manter a estrutura, que já começa a apresentar preocupantes sinais de descaso. 

RODRIGO VARGAS é repórter do jornal Diário de Cuiabá.
[email protected]
 
 

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