MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O deputado estadual Zeca Viana (PDT) afirmou durante a sessão na Assembleia Legislativa desta quarta-feira (14) que colegas de Parlamento receberam propina para abafar duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que investigavam a sonegação fiscal de grandes produtores rurais em Mato Grosso.
Viana defendeu a taxação apenas para os grandes empresários do campo. Segundo ele, a sonegação desses produtores chega a R$ 3 bilhões, dinheiro que deveria ser revertido em imposto aos cofres do Estado.
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Conforme o parlamentar, as duas CPIs que investigavam essa situação – a da Renúncia e Sonegação Fiscal, e a das Cooperativas - só não avançaram na Assembleia porque os produtores rurais pagaram valores ilegais a alguns deputados.
“As CPIs que foram criadas viraram pizzas e é por isso que eu fico indignado com os colegas, que assumem uma CPI para levar vantagem própria", disse Viana.
“As CPIs que foram criadas viraram pizzas e é por isso que eu fico indignado com os colegas, que assumem uma CPI para levar vantagem própria, e não para trazer à tona os problemas que estão atingindo o Estado”, denunciou o parlamentar.
Incomodado com a situação, o deputado Wilson Santos (PSDB) também subiu à tribuna e pediu para que o deputado falasse os nomes dos parlamentares que receberam propina. Wilson, por sinal, foi um dos deputados que participou como um dos membros da CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal em 2016.
Viana respondeu que não se referia ao tucano, mas disse que não era preciso citar nomes, e que ele não tinha intenção de expor os colegas, até porque Wilson, segundo Viana, saberia quem são os deputados que foram beneficiados com propinas para abafar as CPIs.
O pedetista reiterou que defende a taxação do agronegócio apenas para o grande produtor, e que essa insistência dos colegas de taxar o setor como um todo o deixa irritado, já que alguns membros tiveram a oportunidade de denunciar os produtores na CPI e não fizeram isso. Zeca Viana é produtor rural e não foi reeleito.
“Sou contra a taxação e não vejo mais espaço dentro da maioria absoluta dos produtores, não dos mega-produtores que temos aqui que são os grandes sonegadores. Os grandes criaram várias empresas e aí eles acabam carregando os ovos em grandes cestos. Não é como o produtor legítimo que vive 100% do seu negócio, esse sim está com dificuldades e já não tem mais condições de pagar imposto”, salientou o parlamentar.
Investigações
A CPI das Cooperativas investigou a Cooperativa Agroindustrial de Mato Grosso (Cooamat), da qual o empresário Eraí Maggi fazia parte. Um relatório final apresentado em separado pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva apontou que Eraí atuava como dono da cooperativa e era responsável por 78% das movimentações financeiras do grupo. A sede da cooperativa funcionou por muito tempo no endereço da sede do Grupo Bom Futuro, do qual o empresário é um dos principais acionistas, e não era permitida a entrada de novos cooperados. Cerca de R$ 300 milhões teriam sido deixados de arrecadar pela cooperativa.
Já na CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal, um rombo de R$ 1,7 bilhão era investigado. A obra da Arena Pantanal, sozinha, teria sido responsável pela sonegação de R$ 110 milhões, enquanto a obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), até hoje não concluída, teria tido uma sonegação de R$ 315 milhões.
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