ANDERSON SCARDOELLI
REVISTA OESTE
O ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid reclamou do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em áudios enviados a um colega. As mensagens teriam sido trocadas no último dia 11, mas foram reveladas pelo site da revista Veja nesta quinta-feira, 21.
Em um dos áudios, Cid afirma que, em sua opinião, o magistrado estaria agindo de forma ilegal. O conteúdo tem 16 segundos de duração. Nele, o ex-ajudante de ordens e coronel do Exército também reclama da conduta adotada por parte de agentes da Polícia Federal (PF).
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“Eles são a lei agora”, disse Cid, conforme um dos áudios revelados pela Veja. “A lei já acabou há muito tempo, a lei é eles. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público. Com acusação, sem acusação.”
Ainda em relação à PF e a Moraes, Cid diz, conforme outro áudio, que os policiais teriam ficado assustados ao fato de ele dizer que o ministro do STF havia se encontrado com Bolsonaro fora da agenda oficial. “Ficaram desconsertados.”
O ex-ajudante de ordens afirmou que os policiais queriam que ele falasse “coisa que não aconteceu”.
Áudios: Mauro Cid acusa Moraes de ter “sentença pronta”
De acordo com a reportagem da Veja, Mauro Cid seguiu com o envio de áudios ao colega, que não teve a identidade tornada pública. As críticas a Moraes prosseguiram. Em determinado momento da conversa, o comandante do Exército acusa o ministro de já ter sentenças prontas para, por exemplo, mandar prender aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta”, afirmou Cid. “Essa é que é a grande verdade, ele já tem a sentença dele pronta. Só está esperando passar um tempo, o momento que ele achar conveniente denúncia todo mundo. PGR acata, aceita. E ele prende todo mundo.”
Nos áudios, além de tecer críticas à PF e a Moraes, Mauro Cid sugere que se sentiu pressionado a fechar acordo de delação premiada com a Justiça — o que ocorreu em setembro de 2023, quatro meses depois de ele ser preso por ordem do ministro do Supremo. “Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos [de cadeia]“, reclamou o ex-ajudante de ordens.