APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O promotor de Justiça Milton Matos da Silveira Neto disse que a saúde de Cuiabá tem um déficit mensal de R$ 30 milhões e que é preciso uma ação concreta para garantir o atendimento aos pacientes da rede pública no início do mandato do prefeito eleito Abilio Brunini (PL). O valor inclui também o déficit da Empresa Cuiabana de Saúde Pública, que é gerida pela administração municipal.
Milton Matos é o responsável pelo monitoramento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) resultante do processo de intervenção na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Capital e faz o acompanhamento diuturno das demandas da pasta.
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“Há um déficit de financiamento em Cuiabá na ordem de R$ 20 milhões de reais por mês só na SMS e por volta de R$ 10 milhões da Empresa Cuiabana, ou seja, falta muito recurso. Então isso tem que ser solucionado, vai chegar o momento que não tem como tocar mais”, disse em entrevista na segunda-feira (09).
“Os novos gestores ou a nova gestão da Secretaria Municipal de Saúde ou vai ter que enxugar serviço, fechar serviços, o que ninguém quer porque é um serviço que deixa de ser oferecido à população, ou ela vai ter que procurar recurso em algum lugar”, disse, citando como possibilidade o aumento dos impostos na cidade.
Os R$ 10 milhões referentes à Empresa Cuiabana dizem respeito ao funcionamento do Hospital Municipal de Cuiabá e do Hospital São Benedito. Na prática, eles não conseguem fechar o mês com o dinheiro que é encaminhado para lá.
“Não há recurso para pagar nem as despesas do mês. Como que você consegue gerir um hospital que ele é quase que 100% pejotizado, são empresas que tocam ali dentro, se você não tem recurso para pagar essas empresas?”, disse o promotor.
Milton Matos deixou claro que não é uma questão de desvio de recursos, mas de o dinheiro disponível para o custeio da estrutura estar aquém da realidade enfrentada pela gestão dos serviços.
Também há atrasos nos repasses feitos aos hospitais filantrópicos da Capital, aqueles que não são públicos, mas oferecem atendimentos gratuitos como o Hospital do Câncer, Hospital Geral e Hospital Santa Helena.
A situação desses é ainda mais difícil porque essas unidades de saúde terceirizam os serviços para empresas que contratam profissionais para prestar os serviços. Sem repasses, as empresas não recebem e não conseguem pagar os profissionais de saúde, numa cadeia de endividamento.